Soja: Brasil ainda vê ritmo lento do plantio 24/25 travando avanço de novos negócios; CBOT recua
O mercado da soja intensificou suas baixas na sessão desta sexta-feira (11) e terminou o pregão na Bolsa de Chicago perdendo entre 9,25 e 12 pontos nos principais contratos, levando o novembro a US$ 10,05 e o maio a US$ 10,49 por bushel. O mercado cedeu de forma expressiva, porém, com pouca influência do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), já que o boletim veio neutro e com poucas mudanças nos cenários norte-americano e global para a oleaginosa.
A safra norte-americana caiu levemente na estimativa de 124,81 para 124,7 milhões de toneladas, com a produtividade sendo reduzida de 59,6 para 59,5 milhões de sacas por hectare. Os estoques finais, porém, ficaram mantidos em 14,97 milhões de toneladas.
A produção mundial de soja foi estimada pelo USDA veio em 428,92 milhões de toneladas, contra 429,20 milhões do reporte de setembro. Assim, os estoques finais também tiveram uma correção tímida, saindo de 134,58 para 134,65 milhões de toneladas.
O mercado ainda vem pressionado, como explicam analistas e consultores, pelas previsões melhores de clima no Brasil, com boas chuvas sendo esperadas para as regiões produtoras da região central do país, onde os trabalhos de campo ainda estão atrasados. Agora, os traders buscam entender se estas precipitações se confirmarão, bem como se trarão condições adequadas para que os trabalhos de campo se desenvolvam bem.
De acordo com números divulgados pela Pátria Agronegócios nesta sexta-feira (11), a semeadura chegou a 9,3% da área, ainda atrás da média das últimas cinco temporadas - de 17,15% - e do ano passado, quando 17,4% do plantio estava concluído.
O plantio da soja brasileira avançou na última semana, atingindo 9,3% da área concluída. Em 2023, o montante plantado chegava a 17,40%, em 2022 era de 22,60% e na média dos últimos 05 anos foi de 17,15% para este período do ano.
Outros pontos de atenção do mercado em Chicago e que também exercem pressão sobre os futuros da oleaginosa são o dólar - que superou os R$ 5,60 nesta sexta-feira em um novo movimento de alta, bem como a baixa nos preços do farelo e do óleo de soja, este último terminando o dia com quase 1% de queda.
SEMANA DE POUCOS NEGÓCIOS
O baixo ritmo do plantio tem mantido lento também o ritmo da comercialização da soja no mercado nacional. "Com os contratos futuros acumulando perdas na Bolsa de Chicago e com o dólar subindo, houve dificuldades para fixar preços. Os produtores saíram das negociações, aguardando melhores condições de preços e priorizando o plantio da nova safras", informaram os especialistas da Safras & Mercado.
A consultoria estima que o Brasil produza, na safra 2024/25, 171,78 milhões de toneladas e, considerando este volume, aponta a comercialização de 24,8%, ou 45,28 milhões de toneladas. "Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada era de 21,4% e a média para o período é de 29,4%. No relatório anterior, o número era de 22,5%", informou a Safras.
Para o restante da safra 2023/24 os negócios também foram um pouco mais escassos, porém, o destaque se deu para os volumes que têm sido praticados no interior do Brasil, acima dos indicativos nos portos.
Os preços pagos pela indústria processadora nacional são mais altos do que a exportação, dando boas chances de comércio. A escassez de grão comercializável dá um suporte importante a este momento, como explica o analista de mercado e diretor da Pátria Agronegócios, Matehus Pereira.
"Falta produto, temos uma escassez do grão comercializável - à exceção do sul do nosso país, a originação interna para a indústria está difícil nesta reta final de ano e o poder de exportação do Brasil agora está minado, o que é normal para esta época. Hoje, temos soja em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, pagando acima do porto", diz Pereira. "Tem comprador querendo, pagando mais, mas falta fornecedor, produto disponível em mãos".
Reveja sua entrevista:
A Safras & Mercado estima que a comercialização da safra 2023/24 esteja em 87,7% da produção projetada, com a consultoria estimando uma produção de 152,29 milhões de toneladas.