Clima e mercado: como os produtores de soja no Brasil enfrentam o cenário de incerteza em 2024
O cultivo de soja no Brasil está em constante expansão, e algumas regiões se destacam pelo aumento significativo na área plantada. No entanto, a safra 2024 traz consigo uma série de desafios para produtores em todo o país. O cenário atual reflete uma combinação de fatores climáticos adversos, tensões no mercado internacional e desafios logísticos que influenciam diretamente a produção e a competitividade da soja brasileira.
A previsão para a safra de soja 2023/2024 no Brasil é marcada por incertezas devido a variáveis climáticas e divergências entre as consultorias. A StoneX, por exemplo, projeta uma produção de 151,5 milhões de toneladas, enquanto a AgResource estima uma safra menor, com 143,92 milhões de toneladas, citando uma queda de produtividade em algumas regiões. Por outro lado, o Rabobank apresenta uma visão mais otimista, prevendo uma safra de até 163 milhões de toneladas e um aumento de 2,5% na área plantada em relação à safra anterior.
Essa disparidade nas previsões reflete a complexidade do cenário agrícola atual, onde o clima e outros fatores externos têm um impacto direto na produção. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também destaca o impacto das chuvas inesperadas que atrasaram o plantio, mas prevê que a recomposição dos estoques locais até o final de 2024 pode beneficiar o mercado nos próximos anos. As regiões do Mato Grosso e do Sul do Brasil, tradicionalmente fortes na produção de soja, continuam a ver crescimento, mas enfrentam desafios como a necessidade de modernização da infraestrutura e a dependência de insumos importados, que elevam os custos de produção.
Diante desse contexto, o seguro agrícola se torna um aliado indispensável para os produtores de soja. A demanda por seguros que protejam contra eventos climáticos imprevisíveis e extremos é crescente, assim como a necessidade de garantir um preço mínimo para proteger contra a volatilidade do mercado. "O cenário atual reforça a importância de uma cobertura robusta e personalizada, capaz de atender às necessidades específicas dos produtores, sobretudo em momentos de incerteza climática e econômica", afirma André Lins, vice-presidente de Agro da Alper Seguros.
As secas prolongadas, aumento da temperatura média e chuvas intensas têm sido mais frequentes, elevando os riscos de perdas de safra. "O clima tem se mostrado um fator decisivo para o sucesso ou fracasso das colheitas, e os produtores precisam se preparar cada vez mais para lidar com essa variabilidade", comenta Lins.
As seguradoras estão cada vez mais adaptando seus produtos para atender a essas demandas. Entre as soluções oferecidas, destaca-se o uso de tecnologia para monitoramento em tempo real das condições das lavouras, além da popularização de seguros paramétricos, que pagam automaticamente com base em índices climáticos predefinidos. "Esses produtos não só oferecem proteção financeira, mas também permitem um planejamento mais seguro e estável das operações agrícolas", complementa o executivo da Alper Seguros.
Com a tendência de adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e o avanço da tecnologia no campo, o seguro agrícola também se adapta para oferecer condições especiais para aqueles que implementam essas inovações. "O uso de biotecnologia e a adoção de práticas como o plantio direto têm sido fundamentais para reduzir riscos e, consequentemente, os prêmios de seguros", observa Lins.
O ano de 2024 apresenta um cenário de incertezas para os produtores de soja no Brasil, com desafios climáticos, logísticos e de mercado. No entanto, a combinação de tecnologia, práticas sustentáveis e estratégias de gestão de riscos e seguros pode ajudar os agricultores a navegar por este ambiente complexo e garantir a continuidade e o sucesso de suas operações.