Óleo sobe quase 3% em Chicago e puxa preços da soja em grão e farelo nesta 3ª feira

Publicado em 24/09/2024 12:10
Clima adverso no BR, pacote de estímulos na China, acidente em terminal na Argentina e dólar em queda contribuem

O complexo soja continua registrando fortes altas na Bolsa de Chicago na sessão desta terça-feira (24), com os futuros do óleo liderando as altas. Perto de 11h40 (horário de Brasília), as cotações do derivado subiam mais de 2%, com o contrato dezembro alcançando os 42,86 cents de dólar por libra-peso. No farelo, ganhos de mais de 0,8% entre as posições mais negociadas, com a primeira valendo US$ 331,40 por tonelada curta. Assim, ambos trazem importante combustível às cotações do grão, que têm mais de 1% de avanço - ou altas de 12,50 a 13,75 pontos - com o novembro valendo US$ 10,53 e o maio a US$ 10,95 por bushel. 

O mercado do óleo acompanha boas altas do petróleo - que chegaram a superar os 2% no início do dia - além de ganhos em mais óleos vegetais, como palma e canola nesta terça. Além disso, o mercado de derivados também encontra suporte em notícias que chegam da Argentina, de um acidente com um navio no terminal da Vincentin - uma referência para os derivados argentinos - no porto de Rosário. 

"Este terminal tem capacidade de embarque de 250 mil a 300 mil toneladas de farelo por mês, mais ou menos 12% a 15% do total. Com o farelo brasileiro caro, o natural seria essa demanda ir para os EUA. Corretores locais falam que o pior seria se o acidente tivesse ocorrido entre maio e agosto, pico dos embarques", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. 

Paralelamente, as preocupações com o clima no Brasil também seguem dando um suporte determinante para os preços da soja neste momento. As temperaturas muito elevadas e a falta de chuvas ainda limitam o bom avanço do plantio em regiões fundamentais e trazem suporte aos preços. Argentina, Paraguai e Bolívia também passam por cenários semelhantes. 

Como explicou em entrevista ao Bom Dia Agronegócio do Notícias Agrícolas, o professor Rogério Coimbra, da UFMT/Sinop, as temperaturas muito altas dos solos em Mato Grosso têm exigido ainda mais cautela dos produtores rurais, que têm aguardado pelas chuvas mais frequentes e volumosas no estado para avançar de forma mais intensa da semeadura. 

"A semente é o maior patrimônio do produtor, é necessário muita cautela", afirma o produtor, que detalha ainda mais as medidas que o sojicultor pode continuar adotando para mitigar os efeitos das adversidades climáticas e garantir que haja um melhor aproveitamento da janela de plantio. De acordo com os últimos números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o plantio da soja chegou a 0,27% de área, atrasado em relação ao ano passado e à média dos últimos cinco anos. 

Ainda nesta terça-feira, o mercado também ganha apoio das boas notícias vindas da China, com o pacote de estímulo mais agressivo à sua economia desde a pandemia. "Esse é o pacote de estímulo mais significativo do banco central desde os primeiros dias da pandemia. Mas, por si só, pode não ser suficiente", disse Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics à agência de notícias Reuters, explica que pode ser necessário mais estímulo fiscal para que o crescimento retorne a uma trajetória em direção à meta oficial deste ano, de aproximadamente 5%.

Complementando o cenário, o dólar cai mais de 1% frente ao real, chegando a R$ 5,46, o que é mais um fator de estímulo aos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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