Soja: Dólar alto ajuda a equilibrar baixas em Chicago e Brasil comercializa mais de 1 mi de t na semana
Apesar das boas altas registradas na sessão desta sexta-feira (2) na Bolsa de Chicago - de 11 a 13,25 pontos nos contratos mais negociados -, os preços da soja acumularam mais uma semana de baixas acumuladas. O contrato setembro saiu de US$ 10,42 na última sexta-feira (26) para US$ 10,20 nesta sexta (2), com uma perda de 2,11%, enquanto a perda do novembro - referência para a safra americana - foi de 1,81%, com a posição saindo de US$ 10,48 para US$ 10,29 por bushel.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado nacional, a semana foi melhor, em especial por conta do dólar, que superou os R$ 5,70. A moeda americana tem sido um suporte importante e fundamental para os preços da soja no Brasil diante de toda a volatilidade que se registra na Bolsa de Chicago, e acumulando mais de 1% de alta na semana.
Assim, nesta sexta-feira, as negócios também se mostraram um pouco mais aquecidos, como relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Em relação aos preços desta quinta (1), os indicativos melhoraram até R$ 2,00 nesta sexta, dando melhores chances aos vendedores.
"Fechamos uma semana com mais de um milhão de toneladas de soja negociadas. Era uma semana que era pra ser mais fraca, mas essa 'altinha' que se deu em Chicago, nas posições, acabou estimulando o pessoal a vir fazer caixa. Muita gente está desconfiada de na semana vem que isso não se segure e aproveitou", detalhou Brandalizze.
O consultor acredita que caso as condições de tempo mais seco e quente se confirmem nos próximos dias nos EUA, os preços na CBOT podem até testar um pouco mais de fôlego e ajudar a garantir preços melhores também no mercado brasileiro.
BOLSA DE CHICAGO
O mercado internacional vem trabalhando há semanas com intensa volatilidade, porém, conta com poucas novidades em seu cenário fundamental. Nesta semana, para equilibrar a pressão ainda exercida pelas boas condições de clima nos EUA, favorecendo o desenvolvimento da nova safra americana, as boas novas vieram do lado da demanda.
Nos últimos dias, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou duas vendas de soja para a China que somaram 334 mil toneladas, e todo o volume corresponde à safra 2024/25. Sobre as vendas informadas nesta sexta, de 202 mil toneladas, a Agrinvest Commodities afirma se tratar "das primeiras vendas realizdas para as esmagadoras comerciais chinesas", contribuindo para esta perspectiva melhor para o mercado.
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"A soja encontrou um suporte importante e voltou a subir com os sinais de demanda da China, junto ao clima seco na região central dos EUA", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. Para os próximos cinco dias, as previsões apontam para menos chuvas em regiões importantes do país, porém, na sequência, as condições já voltam a melhorar, como apontam os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA.
O mapa abaixo traz a previsão de chuvas para os próximos cinco dias, com a ausência delas para o Meio-Oeste americano - na região em branco - e volumes mais intensos sendo esperados apenas para as Planícies e para estados mais ao norte, como Minnesota e Wisconsin.
Já para o período de 6 a 10 dias, de 8 a 12 de agosto, os mapas do NOAA indicam temperaturas mais amenas, com algumas regiões podendo, inclusive, registrar temperaturas abaixo da média para o período, ao passo em que as chuvas podem ficar acima.
E as condições são esperadas para se repetirem no período seguinte, de 8 a 14 dias, de 10 a 16 de agosto, como ilustram os mapas abaixo:
"Não há um grande problema, não podemos falar em cortes expressivos de produção, pelo contrário. Temos falado cada vez mais na possibilidade de uma safra cheia, com produtividades muito altas nos principais estados produtores, inclusive, podendo atingir a maior produtividade da história dos Estados Unidos", explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. Para Gutierrez, embora a pressão ainda esteja instalada ainda no mercado da soja na CBOT, com espaço para algumas baixas, "a maior parte do movimento negativo já está aí, está passando, mas ainda temos um cenário macro mais positivo do que negativo", diz. E complementa que, do lado da demanda, seria necessário um movimento bem mais agressivo da China nos EUA para mudar o cenário das cotações.