Preços da soja fecham com mais de 1% de queda em Chicago nesta 2ª; atenção às retenciones na Argentina

Publicado em 29/07/2024 16:24 e atualizado em 29/07/2024 17:30

A semana começou intensa para o mercado da soja e a sessão desta segunda-feira (29) na Bolsa de Chicago fechou com perdas de 9 a 22,75 pontos nos principais vencimentos, com as baixas mais intensas sendo registradas nos contratos mais próximos. O mercado operou em queda durante todo o dia e, ao longo dos negócios, chegou a perder mais de 30 pontos. Assim, no encerramento da sessão, o agosto fechou com US$ 10,54 e o novembro com US$ 10,39 por bushel. 

Os preços da soja refletiram uma combinação, mais uma vez, de notícias novas - algumas não ligadas diretamente ao mercado da oleaginosa especificamente - e de cenários já conhecidos. Em ambos os casos, os fatores que se empilham no mercado são todos de pressão para as cotações. 

Entre as informações já conhecidas, estão as boas perspectivas de safra e a demanda lenta nos Estados Unidos. 

"O clima americano segue bem razoável. Há uma onda de calor, mas no Meio-Oeste não vai esquentar muito. O clima está bem dividido, das Planícies até o Canadá, mais quente e seco, e o Meio-Oeste, vai ficar mais fresco e tem chuvas. Enfim, a produção vai ser grande, vamos entrando em agosto sem nada de muito diferente e o que não acontece são as vendas. Ou seja, nada mudou e os EUA continuam com bastante dificuldade, já que não está descontando os basis nos portos americanos para tentar atrair demanda, tirar espaço do Brasil, e a coisa não anda", detalha o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

Reveja a entrevista de Vanin durante a edição desta segunda-feira no Bom Dia Agronegócios, no Notícias Agrícolas:

A expectativa, inclusive, é de que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) possa vir a reduzir sua estimativa para as exportações de soja 2024/25 norte-americanas, atualmente em 49,67 milhões de toneladas. 

De outro lado, entre as novidades, estão a possibilidade de uma retirada das retenciones para a soja da Argentina pelo governo de Javier Milei e, também nos Estados Unidos, uma decisão da Suprema Corte para a EPA (Agência de Proteção Ambiental) e pequenas refinarias, o que poderia resvalar nos percentuais de mistura dos biocombustíveis no país, trazendo alguma incerteza em relação à demanda por óleos vegetais, em especial o de soja nos EUA. 

Com isso, ao longo do pregão desta segunda-feira, os futuros não só do óleo, mas também de farelo de soja perderam agressivamente, chegando a perder mais de 3% em alguns momentos. 

"O tribunal federal de apelações anulou a decisão da administração Biden de revogar isenções de pequenas refinarias (SREs) ao Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS). O julgamento do tribunal favorece as empresas de refino, embora o número exato de isenções afetadas não esteja claro. Em abril de 2022, a EPA revogou 36 SREs concedidas pela administração Trump para 2018 e negou 69 pedidos de isenção em junho de 2022. A EPA ofereceu um método de conformidade alternativa para refinarias", explicou o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

RETENCIONES NA ARGENTINA

No último final de semana, Milei visitou a La Rural, maior feira agrícola da Argentina, e, em seu discurso, falou sobre pontos-chave para o agonegócio do país, em especial as retenciones. O presidente reforçou seu compromisso em retirar a tarifação sobre a soja - o que já foi uma de suas promessas de campanha - ao passo em que anunciou, formalmente, a queda das retenciones sobre carne bovina e algumas categorias de vacas. Assim, aos produtores de grãos reconheceu a necessidade urgente da retirada da taxa, porém, disse que ainda será necessário um pouco mais de paciência. 

"Rumores circulam que a Argentina pode reduzir as retenções no complexo soja, o que aumenta a oferta do produto. Eles estão agressivos na oferta de setembro, com preço abaixo do Brasil e EUA", explicou Ginaldo Sousa.

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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