Em Chicago, óleo despenca mais de 3% e pressiona ainda mais preços da soja nesta 3ª feira
Se de um lado a greve na Argentina dá uma valente sustentação aos preços do farelo na Bolsa de Chicago, de outro, os futuros do óleo de soja despencam na sessão desta terça-feira (30), perdendo mais de 3% e intensificando as perdas no grão, que recuavam mais de 1% no final da manhã de hoje. Perto de 11h15, a oleaginosa perdia de 10,75 a 13 pontos nos contratos mais negociados, com o maio sendo cotado a US$ 11,49 e o julho a US$ 11,69 por bushel.
O óleo de soja, segundo explica a Agrinvest Commodities, acompanha baixas intensas que são registradas no mercado de óleo de palma.
"Apesar de um cenário de oferta apertada no óleo de palma nas últimas semanas, o mercado já fala em aumento na produção para o segundo trimestre. Somado a isso, nesta terça-feira, dados preliminares de exportação do óleo da Malásia, em abril, registraram uma queda de 11,5% em relação ao ritmo de março. Com isso, o óleo de palma tinha uma queda de quase 2,5% no pregão de hoje", explicam os analistas da consultorias.
Com as perdas desta terça, o óleo de soja já acumula uma perda de 10% no mês. "E também estamos vendo a oferta de óleo de soa crescendo internamente nos EUA, ao mesmo tempo em que outros componentes estão substituindo o uso do óleo para a produção de biocombustíveis", complementa a Agrinvest.
O mercado trabalha de olho nos últimos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou no final da tarde de ontem, apontando um expressivo avanço do plantio norte-americano. Em uma semana, a área plantada com soja no país saltou de 8% para 18%, ficando levemente acima do esperado pelo mercado.
Ainda assim, segundo os analitsas e consultores de mercado, faltam notícias que possam impulsionar o mercado de forma mais intensa. Assim a maior parte das atenções está sobre o comportamento do clima no Meio-Oeste americano, com previsões de chuvas mais bem distribuídas no cinturão nos próximos dias.
"O modelo GFS, gerado nessa manhã, prevê resumidamente para os próximos 10 dias clima seco para a Dakota do Norte, sul do Nebraska, oeste do Kansas e toda a região do golfo. Previsões de chuvas predominam para o meio oeste, com volumes totais superiores a 100 mm no oeste de Illinois, leste e centro-oeste do Missouri, sudeste do Kansas e centro-norte de Oklahoma", informa o Grupo Labhoro.
A consultoria explica ainda que já "omodelo Europeu, gerado na madrugada, difere do GFS ao indicar clima seco para o leste do cinturão e somente o oeste da N. Dakota. O Europeu prevê chuvas leves para o centro e oeste do Corn Belt, bem como para Oklahoma, Texas e os estados do delta americano".
Outro fator que pesa sobre as cotações da oleaginosa - e de todas as demais commodities agrícolas negociadas nas bolsas americanas - nesta terça-feira é a nova alta do dólar. A moeda americana sobe antes de novas decisões do Federal Reserve sobre a taxa de juros nos EUA, além da espera pela chegada de indicadores importantes nos próximos dias. E o avanço não se dá só sobre o real, mas frente a uma série de moedas.
No Brasil, perto de 11h55 (Brasília), a divisa subia 1,3% para 5,18.
"Em meio à pré-definição da taxa de juros nos Estados Unidos, mais uma vez os indicadores norte-americanos balançam a cabeça dos investidores. Neste momento, o que volto a repetir é que a única certeza que o investidor tem é na incerteza. A cada passo, um novo caminho surpreendente se molda, colocando todas as expectativas no discurso de Jerome Powell, que ocorrerá amanhã", explica a analista de mercado da Royal Rural, Marta Guimarães.