Apesar de resultados modestos, sojicultores brasileiros garantem 17º ano consecutivo de renda positiva em 2023, aponta Datagro Grãos
Análise da DATAGRO Grãos mostra que o desempenho econômico dos sojicultores brasileiros em 2023 foi bem mais limitado do que nos anos anteriores, mas com renda positiva na maioria dos casos, o que resultou em aumento de quase 2% na área cultivada com a oleaginosa na safra 2023/24.
Levando em consideração os preços médios praticados, lucratividade bruta e rentabilidade da soja – os três principais indicadores da saúde financeira dos produtores –, o levantamento da consultoria aponta que apenas a lucratividade registrou desempenho positivo. “O clima amplamente favorável trouxe produtividades recordes em grande parte da região produtora – exceto no Rio Grande do Sul –, anulando a elevação nos custos de produção e o forte recuo nos preços”, comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da DATAGRO Grãos.
Apesar de resultados aquém dos observados em 2022, o ano passado registrou o décimo sétimo ano consecutivo de renda positiva para os produtores de soja do Brasil.
O comportamento dos preços, o mais visível dos indicadores, atuou “muito negativamente ao ganho de renda do setor”. Em 2023, os preços ficaram abaixo das médias de 2022 em todos os meses. “As melhores épocas para venda, pelo menos na ótica dos preços, aconteceram entre janeiro e março, com pico anual em janeiro. Ritmo bem parecido ao de 2022, onde os melhores momentos de venda também aconteceram no primeiro semestre, com o pico acontecendo em março”, diz França Junior.
Já a lucratividade bruta, o segundo grande indicador econômico, que mede a relação entre a receita média obtida e o custo de produção unitário, apresentou resultados médios novamente positivos para a renda dos sojicultores, embora inferiores às bases de 2022. “Em linha com o que vem sendo observado desde 2007, ou seja, 17 anos seguidos de renda positiva”, ressalta o líder de conteúdo da DATAGRO Grãos.
O último indicador, a rentabilidade – acompanhamento da variação mensal acumulada do preço, descontada a taxa de inflação –, assim como nos anos de 2011, 2013, 2014, 2016, 2017 e 2022, não foi interessante aos produtores. “Em linha parecida com os anos citados, a variação acumulada do ano foi negativa em termos nominais, o que somada à variação da inflação, voltou a contabilizar perdas reais, com o quadro piorando durante o período de colheita. Depois do fundo de poço de junho, os preços reagiram parcialmente no segundo semestre e aliviaram essas perdas, mas sem conseguir evitá-las”, analisa França Junior.
Perspectivas para 2024
As projeções para este ano, levando em conta os indicadores citados, apontam para cenário ainda mais apertado para a média dos produtores brasileiros de soja. Assim como em 2023, em função do resultado negativo em parte da região produtora em termos de produtividade, o desempenho será heterogêneo na temporada para parte dos sojicultores – notadamente no caso do Mato Grosso, que lidera as perdas de produção na temporada.
“Com custos menores, mas preços maiores, a variável que determinará se o produtor irá ou não conseguir a 18ª safra com renda positiva será exatamente a produtividade”, comenta França Junior.