Soja segue recuando em Chicago e tem pressão adicional do farelo, que perde mais de 1% nesta 6ª
Nesta sexta-feira (5), o mercado da soja registra mais uma sessão de perdas na Bolsa de Chicago. Perto de 12h20 (horário de Brasília), as cotações cediam entre 6,25 e 9,25 pontos nos principais posições, levando o janeiro a perder os US$ 12,60 e sendo cotado a US$ 12,55 por bushel. O maio/24, referência importante para a safra brasileira, tinha US$ 12,67 por bushel. O complexo soja tinha baixas também no farelo - que liderava o movimento, recuando mais de 1% desde o início do dia - e no óleo.
"O farelo de soja é, mais uma vez, o patinho feio do complexo, com queda de mais de US$ 5,00 por tonelada curta e o derivado pressiona também as cotações do grão", explica a equipe da Agrinvest Commodities. "O mercado monitora as boas condições das lavouras argentinas e os movimentos políticos do presidente Milei".
Mais do que isso, ainda de acordo com a consultoria, a demanda maior por óleo de soja nos EUA provocou um aumento do esmagamento da oleaginosa, contribuindo na pressão sobre os preços do farelo. "E com a baixa demanda pelo farelo, o derivado tem queda acentuada nos últimos meses. Desde o dia 15 de novembro, a queda já passa de US$ 70 por tonelada curta", conclui a Agrinvest.
O mercado dá sequência ao movimento de perdas, segundo analistas e consultores, combinando ainda os reflexos de condições melhores de clima na América do Sul, com boas chuvas chegando ao Brasil - embora tarde para algumas regiões -, de expectativas boas para a nova safra da Argentina e da demanda um pouco mais ausente por parte da China desde um pouco antes do Natal de 2023.
"Entre os fundamentos ainda não há nada novo que pudesse puxar os preços para cima", explicou o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. Ele complementa dizendo ainda que o mercado já precificou uma safra acima de 150 milhões de toneladas no Brasil e apenas um número abaixo disso sendo apontado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ou pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados UNidos) na próxima semana. Todavia, não vê que qualquer um dos órgãos possa deva fazê-lo.
Nesta semana, diversas consultorias privadas revisaram seus números, trazendo as perspectivas de safra de soja do Brasil de 145 a 152 milhões de toneladas e as expectativas agora se são, portanto, para os novos números dos órgãos governamentais na semana que vem. E assim, o mercado acumula três baixas consecutivas de preços em queda na CBOT.
Ainda nesta sexta-feira, o mercado sente também a pressão das vendas semanais para exportação abaixo das expectativas do mercado no reporte trazido hoje pelo USDA.
Na semana encerrada em 28 de dezembro, o país vendeu apenas 201,6 mil toneladas de soja frente ao intervalo esperado de 500 mil a 1,3 milhão de toneladas. O volume é o menor da temporada comercial, além de apresentar uma diminuição de 80% em relação à semana anterior e de 85% em relação à média das últimas quatro semanas. A Espanha foi o principal destino da oleaginosa norte-americana.
Em todo ano comercial, os EUA já comprometeram 36,545,6 milhões de toneladas de soja, contra mais de 43 milhões no mesmo período do ano passado. O USDA estima que as exportações totais 2023/24 sejam de 47,76 milhões de toneladas.