Com a maior ocorrência de pragas favorecida pelas altas temperaturas, agricultor deve monitorar sua lavoura com mais frequência nesta safra
As temperaturas mais altas aceleram o desenvolvimento das pragas, em geral, levando a um aumento na taxa de reprodução e no número de gerações delas por ano. Dentre as pragas da cultura da soja, os percevejos e as lagartas ocupam os primeiros lugares e devem ser muito bem conhecidos para que seus controles sejam realmente efetivos. Além disso, é fundamental conhecer o ciclo de vida dessas pragas e saber identificar outras características de cada espécie relativas às influências abióticas, como temperatura e umidade.
De acordo com Raphael Malandrino, gerente de Inseticidas da ADAMA, mesmo com a safra de soja se iniciando, a condição de baixa umidade pode favorecer o desenvolvimento de lagartas, que se reproduzem mais rapidamente, podendo trazer diversas gerações de descendentes em um curto período de tempo. Simultaneamente, esse ambiente seco deixa a planta mais sensível ao dano causado pelas lagartas. “O monitoramento contínuo e regular é fundamental para a identificação dos tipos de pragas que estão atacando a lavoura e a determinação do momento certo para agir de forma estratégica e evitar ou minimizar perdas”, alerta.
A lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu), por exemplo, tem trazido dor de cabeça aos produtores do Brasil, pois tem se tornado mais frequente, mesmo em áreas onde existe biotecnologia para o controle. Sua capacidade de desfolha é maior quando comparada a outros gêneros, como as lagartas do complexo Spodoptera. Além disso, a lagarta falsa-medideira se tornou resistente a algumas das ferramentas de biotecnologia disponíveis ao agricultor, o que pode complicar ainda mais a situação, pois o produtor, muitas vezes, está confiando apenas na tecnologia da planta o que, neste caso, pode não ser suficiente, ressalta Malandrino. “Em condições adversas, as plantas ficam mais estressadas e naturalmente diminuem seu metabolismo. Em consequência, diminuem também a produção das proteínas Bt, responsáveis pelo controle de lagartas. Dessa forma, o agricultor precisa lançar mão de outras opções de manejo, como o controle químico”, afirma.