Óleo de soja dispara mais de 3% em Chicago nesta 2ª com mudança de Biden na política de biocombustíveis
O destaque do complexo soja na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (22) foram os futuros do óleo, que terminaram a sessão com mais de 3% de alta, dando suporte também aos preços do grão neste começo de semana. O contrato julho subiu 3,2% para 48,77 cents de dólar por libra-peso, enquanto o agosto concluiu os negócios com 48,79 cents e ganho de 3,04%.
Segundo explicou o analista de mercado Guilheme Jacomini, da Agrinvest, o mercado do derivado refletiu a decisão deste final de semana do presidente americano Joe Biden de retirar da proposta de mandatórios de biocombustíveis os créditos oriundos de carros elétricos, como havia decidido no final do ano passado.
Ainda de acordo com o esepcialista, "complicações técnicas para a determinação das métricas de medição para o consumo do biogás e a geração dos eRINS (fonte de créditos das montadoras de carros elétricos) justificaram a decisão". Com essa alteração, a Casa Branca deverá divulgar suas novas diretrizes em junho, as quais valerão para os próximos três anos.
"O cancelamento dos eRINS traz suporte ao óleo de soja, que subiu mais de 3% nesta segunda, e que deve se estender para o médio prazo", concluiu Jacomini.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) enviou, no final da última semana, uma revisão sobre os mandatórios de biocombustíveis e a Casa Branca tem até o final do próximo mês para finalizar suas decisões. Em abril, a notícia partia de uma possibilidade de mudanças do teor de etanol na gasolina pelo governo norte-americano.
À Bloomberg, a porta-voz da EPA, Maria Michalos, se recusou a comentar as mudanças, afirmando que a revisão é algo interinstitucional e, por isso, o projeto ainda poderia mudar antes da sua versão final formal a ser reportada no próximo mês.
As gigantes dos carros elétricos como a Tesla e a Rivian Automotive Inc e também a Zero Emission Transportation Association têm pressionado a agência americana a favor da manutenção do plano, garantindo que a medida poderia auxiliar nas metas do presidente Joe Biden de descarbonizar o setor de transportes. De outro lado, porém, a oposição vem das refinarias e produtores de combustíveis renováveis.
SOJA EM GRÃO
Com as altas fortes do derivado, os futuros da soja em grão terminaram o pregão desta segunda-feira subindo entre 21,50 e 34 pontos nos principais contratos, o que levou o julho a US$ 13,41 e o setembro de volta aos US$ 12,09. Já o novembro, referência importante para a nova safra dos EUA, encerrou os negócios sendo cotado a US$ 11,97 por bushel.
Além do suporte vindo do óleo de soja e do milho - que subiu acompanhando os bons números dos embarques semanais norte-americanos reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), com um aumento de 12,8% na comparação semanal - o mercado de grãos em Chicago subiu também preocupado com os mapas mais alongados para as previsões climáticas para o Corn Belt.
As previsões indicam a manutenção do tempo mais seco e quente, com chuvas abaixo e temperaturas acima da média nos próximos 10 a 15 dias para a maior parte do cinturão.
Além disso, uma nova venda de farelo de soja dos EUA para as Filipinas reportada pelo USDA nesta segunda-feira contribuiu para o movimento de alta generalizada no complexo neste início de semana. As altas entre os contratos mais negociados do derivado subiram de 0,8% a 1%, levando o julho a US$ 412,20 e o setembro a US$ 394,90 por tonelada curta.
"Com a queda da produção na Argentina, as esmagadoras locais devem paralisar suas operações para manutenção mais cedo nesta temporada, levando a um 'apagão' de farelo. Quem precisa cobrir essa lacuna são os EUA e o Brasil, por aqui, com a logística comprometida entre soja, milho, farelo e outros produtos, os EUA podem despontar como uma origem viável de farelo. A NOPA vem reportando ritmo recorde de esmagamento", explica a equipe da Agrinvest.