Com clima favorecendo rápido avanço do plantio nos EUA, soja e grãos intensificam perdas em Chicago
Liderados pelo trigo, que perde mais de 2% no início da tarde desta terça-feira (9), os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago intensificam sua queda, levando a soja a perder de 14 a 18,25 pontos entre as posições mais negociadas, com o julho valendo US$ 14,16 e o agosto, US$ 13,50 por bushel. As baixas refletem o bom avanço da safra 2023/24 dos Estados Unidos, segundo explicam analistas e consultores de mercado.
Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportados no final da tarde de ontem voltaram a trazer índices de semeadura acima das expectativas do mercado, do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos.
A semeadura da soja chegou a 35% da área, contra 34% da projeção do mercado e frente aos 19% da semana passada. No ano passado, neste mesmo período, o plantio estava concluído em 11% apenas e a média é de 21%. São 9% dos campos que já emergiram, contra 3% de 2022 e 4% de média.
"Com o plantio antecipado, o risco de quebra se dilui nos EUA e, com isso, o mercado já toma uma postura bem mais 'vendedora' na CBOT", explica o time da Agrinvest Commodities.
E o plantio avança bem diante das boas condições de clima nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos, em especial no Corn Belt, o que pesa ainda mais sobre as cotações. As previsões do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, apontam que os "céus limpos" deverão seguir até o final desta semana, construindo um cenário ideal para o prosseguimento da semeadura, já que as chuvas também têm chegado na hora certa.
Os mapas para os próximos 6 a 10 dias sinalizam que as temperaturas deverão ficar acima da média nas regiões do Noroeste do Pacífico, norte e centro das Planícies, com poucas chances de altas temperaturas no Meio Oeste no começo da próxima semana.
No período dos próximos 8 a 10 dias, ainda de acordo com o NOAA, "o tempo seco continuará a persistir ao norte das Planícies Centrais e no leste do Corn Belt", como mostram os mapas abaixo.
Além disso, o mercado ainda continua sentindo a pressão de uma grande oferta de soja disponível no Brasil - o que o mantém muito competitivo, pelo menos, até setembro - e monitora a demanda 'da mão para a boca' por parte da China, sem grandes novidades nestes dois horizontes.
Ao mesmo tempo, vai se ajustando para a chegada a do novo relatório mensal de oferta e demanda do USDA - nesta sexta-feira, 12 - que chega com as primeiras projeções da safra 2023/24 e faz com que o boletim seja muito esperado.
O financeiro também permanece no radar dos traders, com a crise dos bancos nos EUA ainda acontecendo, a recuperação da China pós-pandemia acontecendo de forma mais contida do que o esperado e as fragilidades da economia mundial ainda em evidência.