Soja cai até 5% no interior do Brasil nesta 2ª feira com pressão do dólar combinada com Chicago
Os preços da soja amargaram mais um dia de baixas na Bolsa de Chicago e, com as perdas ao lado do recuo do dólar frente ao real, conferiram mais pressão também sobre os preços no mercado brasileiro. Entre as principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, o recuo no interior do país chegou a 5,47%, como foi o caso de Maracaju/MS, com a saca chegando a R$ 121,00 ou a 2,44% em Tangará da Serra/MT, para 120,00. Nos portos, os indicativos estão ligeiramente acima dos R$ 140,00, enquanto o Santos, para embarque abril/maio, fechou a segunda-feira com R$ 135,00.
Os negócios vão se realizando na medida em que os produtores se vêem diante das necessidades de cumprir seus compromissos financeiros. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, na última semana as vendas foram de perto de três milhões de toneladas, volume que deve se repetir nesta semana, e os produtores vão buscando as raras janelas de oportunidades que vão se abrindo.
"Os produtores vão vender, vão forçar o preço que conseguirem, porque precisam de caixa para pagar suas contas, então é muita oferta e a demanda fica limitada porque não temos como carregar. Vamos ter fôlego de exportação só de julho em diante, quando teremos espaço nos portos", diz. "Só com um tragédia americana para termos uma virada, caso contrário, uma virada agressiva não deve vir. Vai ser um ano em que o produtor vai ter que acompanhar muito. Será turbulência o ano todo".
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja encerraram o dia com baixas de 10 a 18,25 pontos nos principais vencimentos, com as perdas mais fortes nos contratos mais curtos. Durante o dia, as cotações até testaram o lado positivo da tabela, porém, o momento durou pouco, os preços passaram a ceder e intensificaram suas baixas.
Os traders hoje se dividiram sobre as notícias que já se apresentam, entre elas a a crise instalada na Argentina. Na semana passada, novos cortes foram informados sobre a safra 2022/23 de soja, que deverá ser uma das menores das últimas duas décadas, gerando uma crise ainda mais grave na já muito fragilizada da economia do país.
"O país sofre com severa dificuldade de sua balança de pagamentos e já que há quem fale em novo calote do país. A crise hídrica sem precedentes levou a um forte corte na estimativa de produção de soja. Assim como para o Brasil, a soja tem vital importância na balança comercial de nossos vizinhos, sem soja, não há entrada de dólares", explica a Agrinvest.
Ainda assim, o mercado espera por novas e fortes notícias para um melhor direcionamento. Enquanto isso, segue focado nas previsões climáticas para o Meio-Oeste dos Estados Unidos, demanda chinesa e a conclusão da safra da América do Sul.
Os traders estão atentos também, além dos fundamentos, às compras que os EUA têm feito de soja no Brasil pelos preços mais atrativos neste momento.
"Uma queda nos preços devido à abundância de suprimentos locais está tornando o Brasil uma origem atraente para a soja, com pelo menos dois navios transportando um total de 79.150 toneladas de produtos brasileiros indo para os EUA nos próximos dias, de acordo
com dados de embarque", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.