Soja em grão, farelo e óleo fecham em baixa na CBOT com pressão do 'dólar soja' na Argentina e clima nos EUA
A quarta-feira (5) fechou com o mercado da soja no vermelho na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa recuaram de 3,75 a 6,50 pontos nos principais vencimentos, com o maio sendo cotado a US$ 15,11 e o agosto, US$ 14,24 por bushel. Além da soja em grão, os futuros do farelo encerraram a sessão perdendo mais de 1% nas posições mais negociadas e o óleo, quase 1%.
O complexo soja foi pressionado, como explicam os analistas e consultores da Agrinvest Commodities, pelos detalhes confirmados para o novo câmbio destinado ao agronegócio argentino pelo ministro da Economia do país, Sérgio Massa, na tarde desta quarta. Serão 300 pesos para 1 dólar no caso da soja e o programa terá duração de 10 de abril a 31 de maio.
"Ainda não há detalhes que haverá um diferencial entre a soja e seus derivados, como na segunda rodada, mas mesmo sem muitos detalhes, as processadoras receberiam um alívio e é isso que o mercado está precificando com a queda recente do farelo", afirma a Agrinvest.
O mercado tem muitos olhos voltados para a Argentina neste momento e como deverá se comportar, em especial, o processamento de soja na nação sul-americana diante de uma quebra histórica na safra 2022/23, a qual deverá se estabelecer em menos de 30 milhões de toneldas. A Bolsa de Comércio de Rosário trouxe, nesta quarta, sua perspectiva de que o país poderia, inclusive, perder a liderança global das exportações de farelo, o que levaria o Brasil para a primeira posição.
"A Argentina estaria exportando perto de 20 milhões de toneladas na campanha 2022/23, 29% do comércio global, ficando abaixo do Brasil", disse instituição em um comunicado, estimando as vendas externas brasileiras em algo entre 21 milhões e 23 milhões de toneladas. A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) estima as exportações de farelo do Brasil em 20,7 milhões.
Além do quadro argentino, o norte-americano vai também ganhando cada vez mais espaço no radar dos traders e nas análises diárias. Afinal, começou a safra 2023/24 dos Estados Unidos - com 2% do milho já plantado - e, dessa forma, o mercado climático vai também ganhando cada vez mais relevância. O atual momento é de bastante frio e pouca chuva em alguns pontos e muita em outros, mas com as previsões indicando melhores consideráveis nos próximos dias.
"E estes sinais de melhora nas condições do tempo no final de abril foram suficientes para ajudar na baixa dos grãos nesta quarta-feira em Chicago", explicaram os analistas da Farm Futures. "Entre quinta e domingo são esperadas boas chuvas pelo meio do Sul e do Sudeste dos EUA, enquanto os mapas mostram a maior parte do Meio-Oeste e as Planícies se mantendo secos durante ente intervalo".
Já para o período dos próximos 8 a 14 dias pode ser marcado, como mostram as previsões, pela volta de um tempo mais úmido para a metade oeste do Corn Belt e com temperaturas acima da média entre os dias 12 e 18 de abril, complementa a Farm Futures.
Demanda chinesa, oferta grande no Brasil e macrocenário ainda incerto e nebuloso não deixam de estar presentes no radar dos traders, apesar de todo o resto. Como explicou o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, as condições distintas na relação de oferta e demanda entre os principais fornecedores de soja doo mundo têm deixado o mercado sem direção na Bolsa de Chicago.
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MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, mais uma vez, os preços cederam. Ao lado das baixas em Chicago, o dólar cedeu frente ao real e encerrou o dia com queda de 0,64% e valendo R$ 5,05. No balcão gaúcho, como relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, os preços variam de R$ 147,00 a R$ 150,00 por saca.