Disparada do óleo de soja puxa grão e mercado opera com altas de dois dígitos na Bolsa de Chicago
A disparada do óleo de soja de mais de 2% nesta segunda-feira (27) deu espaço a altas mais expressivas entre os futuros do grão negociados na Bolsa de Chicago. Perto de 14h10 (horário de Brasília), as cotações subiam de 14,25 a 17 pontos nos principais vencimentos, levando o maio a US$ 14,42 e o julho a US$ 14,21 por bushel.
Os preços do derivado sobem na carona das altas fortes do petróleo, que registra ganhos superiores a 4% na tarde de hoje, tanto no brent, quanto no WTI. No brent, que é referência para o quadro global de oferta e demanda, o barril chegava a US$ 77,52. E sobem não só os futuros do óleo de soja, mas dos óleos vegetais de uma forma geral neste início de semana.
O mercado do derivado também monitora a condição da Argentina - maior exportador mundial de óleo e farelo de soja - registrando sua pior safra de soja em 20 anos e deixando um rombo considerável na oferta de ambos os produtos depois da seca. O país sul-americano terá de ampliar consideravelmente suas importações da oleaginosa em grão para garantir, ao menos, o mínimo de seu processamento de soja, evitando prejuízos ainda maiores e que sua capacidade ociosa cresça ainda mais.
Além da soja e do óleo, também sobe forte o trigo na CBOT, o que ajuda na puxada da soja em grão também nesta segunda-feira.
As cotações precisam de novas notícias. Os traders já parecem ter absorvido o atual cenário dos fundamentos - com a conclusão da safra da América do Sul e a demanda da China mais contida agora - ao passo em que aguarda pelo início da safra 2023/24 dos EUA e das novidades que pode trazer.
Ao mesmo tempo, os olhos permanecem atentos ao contexto geral. O mercado está ainda muito atento ao financeiro, às relaçõe entre China e Rússia, a manutenção do conflito na Ucrânia e á questão bancária nos EUA e na Europa.
Mais do que isso, tem monitorado a mudança de comportamento e direção dos fundos, que têm agora ampliado sua posição vendida na CBOT, não só na soja em grão, mas também derivados, milho e trigo.
"O mercado está de olho no macro e observa com cuidado a situação do banco alemão e seus correspondentes no resto da Europa e nos Estados Unidos", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. "As chuvas que caíram recentemente na Argentina ajudaram a estabilizar a soja plantada durante o mês de janeiro. Entretanto, mais chuvas são necessárias nesta reta final de enchimento de vagens. A Rússia está fazendo uma nova escalada e colocando armas nucleares em Belarus, coisa que não fazia há muitos anos, fora de sua fronteira".