Soja: Mercado brasileiro encerra semana com mais de 1,5 mi de t vendidas e Chicago perto de US$ 15

Publicado em 09/12/2022 17:45 e atualizado em 10/12/2022 13:59

O mercado brasileiro registrou uma boa semana na comercialização de soja e se encerra, segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, com mais de 1,5 milhão de toneladas. A semana foi um pouco mais curta com jogos da Seleção Brasileira na segunda (5) e na sexta-feira (9), mas mesmo assim se intensificaram diante dos ganhos dos futuros em Chicago, que chegaram a testar os US$ 15,00 por bushel. 

"Muitos produtores correram para fechar seus negócios, aproveitando o mercado que esteve em alta, com cerca de R$ 189,00 nos portos, R$ 190,00 para o dezembro cheio, pagamento em janeiro", diz. Assim, somente nesta quinta-feira (8), foram vendidas algo entre 500 mil e 700 mil toneladas. "O mercado foi bem favorável nesta semana". 

Além disso, segundo Brandalizze, a notícia é de que as chuvas deverão chegar a maior parte das regiões nos próximos dias, à exceção do Rio Grande do Sul, que ainda é o ponto central de atenção na safra de soja 2022/23 do Brasil. 

De acordo com o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Mamedes Luiz de Melo, as regiões Central e do Matopiba deverão receber bons volumes nos próximos dias, com a possibilidade da formação de uma nova ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul). 

Ainda segundo ele, no final de semana, as atenções se voltam para a onda de calor que começa a perder força, com avanço de novas áreas de instabilidade para o Rio Grande do Sul. 

Enquanto um olho está no clima, o outro está sobre as estimativas para a safra do país. Nesta quinta-feira, a Conab trouxe a colheita estimada em 153,47 milhões de toneladas e o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve seu número hoje em 152 milhões. Entre as consultorias privadas, porém, os números divergem. 

Para o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, "o clima ainda não está decidido para este teto produtivo e este parece ser um número muito otimista". Assim, a consultoria já trabalha com uma projeção de safra, em um teto produtivo, de 150,2 milhões de toneladas. "Vamos viver todo esse mercado climático da América do Sul agora", complementa.

A mesma visão é compartilhada pelo diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. "A Conab terá de ajustar seu número no futuro. O La Niña vai comer um pedaço da safra. Ainda não sabemos o tamanho do corte.  Mas vejo que janeiro será seco", diz. "O modelo GFS desta manhã indica clima seco para o Brasil no oeste do RS, leste do PI. Leves acumulados para a maior parte do país, com acumulados moderados no extremo sul do TO, norte de GO e de MG. Os prognósticos de médio prazo indicam que a onda de calor, que atualmente atinge a Argentina, deve também afetar o Paraguai e toda a região sul do Brasil", complementa o executivo no reporte climático do grupo.

Direto da fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, na divisa com a Argentina, o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, relata ao Notícias Agrícolas que as temperaturas passam de 40ºC e há cinco dias não chove na região. E por isso, o estado é um dos principais pontos de atenção para a nova safra neste momento, onde o plantio já está consideravelmente atrasado. 

"A grande preocupação é o Rio Grande do Sul. Temos relatos regionalizados de estados Centro-Oeste e Sudeste, mas, de uma forma geral, não dá para falarmos em problemas amplos. A safra vem se desenvolvendo bem, sempre temos esses problemas regionalizados - que não são importantes até o momento - e estamos falando e devemos falar ainda em safra cheia, ou com problemas pequenos", explica Gutierrez. 

Ele afirma ainda a necessidade de monitoramento do clima no estado gaúcho e o impacto sobre as lavouras, uma vez que a tendência é de tempo seco até o final do ano, com a possibilidade de uma chuva neste fim de semana, a qual não muda o saldo ruim de precipitações esperado para este mês. 

"Por enquanto não podemos falar em perdas relevantes, a ponto de trazermos cortes de produção neste momento. O potencial produtivo continua recorde". 

BOLSA DE CHICAGO

Toda essa incerteza sobre a safra brasileira somada a preocupações ainda mais sérias para a Argentina têm sido importante combustível para as altas dos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. 

O mercado segue focado no clima da América do Sul. A Argentina é o ponto central de preocupação, com temperaturas na casa dos 45ºC em algumas regiões e uma seca quase sem precedentes. No Brasil, os olhos todos estão voltados para o sul, em especial o Rio Grande do Sul, onde as condições são semelhantes. E o potencial produtivo vai se perdendo diante das adversidades.

O número do USDA para a safra argentina também foi mantido e ficou em 49,5 milhões de toneladas. 

O USDA trouxe duas novas vendas de soja que somaram mais de 800 mil toneladas, somente nesta quinta-feira, e ajudaram a animar ainda mais o mercado. Do mesmo modo, em seu reporte semanal de vendas para exportação indicou números para a soja que vieram acima das expectativas e também contribuíram.

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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