Argentina acelera vendas de soja e registra melhores volumes em cinco anos com alteração cambial
O "dólar soja" implementado pelo governo da Argentina neste início de semana resultou, em seu primeiro dia de atuação, uma venda recorde da oleaginosa no país de cerca de um milhão de toneladas e uma receita gerada de US$ 362 milhões. "O resultado (deste primeiro dia) foi positivo. Por ser o primeiro dia, com muitas dúvidas e consultas, os produtores venderam quase um milhão de toneladas, um recorde", disse uma fonte do setor da agroexportação ao jornal, La Nacion. Uma nota da Reuters Internacional pontua ainda que o volume de soja comercializada na Argentina nesta terça alcançou seu maior volume em cinco anos e meio, de acordo com dados da Bolsa de Rosário.
E isso acontece mesmo com certa pressão sobre as cotações no mercado argetino, refletindo as baixas observadas na Bolsa de Chicago. Perto de 14h10 (horário de Brasília), os futuros da commodity cediam de 21,25 a 21,75 pontos nos contratos mais negociados, com o novembro voltando a operar abaixo dos US$ 14,00, sendo cotado a US$ 13,99 por bushel. O março tinha US$ 14,06.
Neste segundo dia de operações, os dados de volume comercializado completo ainda não foram levantados, porém, já é possível ver preços menores, refletindo as baixas na Bolsa de Chicago, que são intensas no pregão desta terça-feira. "Ontem, tínhamos referências perto de 72,5 mil pesos e hoje o valor já foi para 69 mil", afirma o diretor executivo da Globaltecnos S.A., Sebastian Gavalda, direto da Argentina, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Ainda assim, Gavalda acredita que até 30 de setembro - data de término de vigência do 'dólar soja'- as vendas deverão continuar acontecendo, com os produtores locais aproveitando a oportunidade para, enfim, avançar com sua comercialização. No entanto, sabem que trata-se de algo apenas temporário.
Ainda de acordo com o La Nacion, os preços oferecidos pelas indústrias bateram em atpe 72,500 pesos port tonelada, 41,1% maiores do que na última quinta-feira (1). A exportação contava com referências na casa de 73 mil pesos. Assim, a segunda-feira, de acordo com relatos de profissionais que atuam no mercado, foi de "frenesi" para o setor, e de oportunidades para os quem contava com volumes de produto ainda a precificar.
No último dia 12 de agosto, o Notícias Agrícolas reportou uma notícia sobre apenas metade da pouca soja que havia sido comercializada pelos produtores argentinos já ter sido precificada, justamente em função das disparidades cambiais.
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Todavia, a medida do ministro da economia argentino, Sérgio Massa, não foi bem recebida por todo o setor agropecuário, já que está focada somente na soja - não agraciando nem mesmo os derivados da oleaginosa - não chegando aos grãos, carnes, leite, e outros produtos que precisariam do mesmo incentivo.
Segundo uma notícia do portal Infocampo, da Argentina, afirma que a Comissão de Enlace de Entidades Agropecuárias (CEEA), Regional de Córdoba, emitiu um comunicado para registrar sua "rejeição enfática" à decisão do governo sobre a criação do 'dólar soja'. Mais do que isso, afirma ainda que trata-se de uma ferramenta apenas para acelerar a entrada de divisas na Argentina.
Ainda como explica Sebastian Gavalda, há um combinado entre governo e exportadores para a geração de uma receita de US$ 5 milhões. "Vejamos o que irá acontecer", diz.
"O governo utiliza instrumentos que demonstraram a sua absoluta incompetência para mitigar as consequências do penoso nível de pobreza que dilacera a nossa sociedade, bem como para conter o aumento dos preços dos alimentos, que se encontra na inflação descontrolada e na perda permanente do poder de compra da moeda são as verdadeiras causas dessas variações”, diz ainda a nota da instituição de Córdoba.