Soja recua no mercado brasileiro neste início de semana com pressão combinada de baixas em Chicago e do dólar
Os preços da soja fecharam a primeira sessão da semana no vermelho na Bolsa de Chicago, perdendo mais de 20 pontos nos contratos mais negociados. As perdas foram de 20,50 a 23,50 pontos, levando o novembro a US$ 14,37 e o março a US$ 14,44 por bushel. Na contramão, os futuros do milho e do trigo subiram forte.
Os mercados, segundo explicam analistas e consultores de mercado, seguem de olho nas estimativas nacionais que o Pro Farmer Crop Tour trouxe na última sexta-feira (26), com um número bem menor do que o do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para o cereal e alinhado no caso da soja, com uma safra que deverá ser recorde e na casa de 123,4 milhões de toneladas.
"Os players continuam focando no clima norte americano que, nesta manhã previu chuvas muito mais leves para o Meio-Oeste. Na sequência, o clima sul-americano começará a tomar protagonismo em CBOT", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Liderando o Crop Tour EUA-Canadá, junto do Notícias Agrícolas, Sousa está visitando as primeiras lavouras americanas no Meio-Oeste, com bons resultados sendo observados em Indiana e Ohio. Os dois estados ficam a leste do cinturão, tendo recebido boas chuvas e precisando de mais alguns bons volumes para se consolidar bem.
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Para o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, "o mercado deverá passar por um momento de mercado em movimento de serrote, sem tanta força como teve na semana passada. E ficará nesta janela de US$ 14,00 a US$ 14,60, dificilmente conseguirá avançar muito além disso nesta semana".
Do mesmo modo, o mercado também se atenta ao comportamento da demanda e do financeiro, ambos vetores que seguem influenciando o andamento das cotações.
"Os estoques semanais de farelo e óleos caíram novamente, esta é a sexta semana seguida de queda. As vendas de farelo nas últimas duas semanas foram bem maiores que a média, sinal de que a retenção de matrizes de suíno e o aumento médio do peso de abate dos animais começa a trazer resultados", afirma o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Assim, o bom ritmo das compras que foi registrado nas últimas semanas pode continuar nos próximos dias para que a nação asiática possa seguir garantindo sua cobertura na janela de setembro a janeiro.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, a pressão se intensificou ainda mais com uma nova sessão de baixas para o dólar frente ao real. A moeda americana encerrou o dia perdendo 0,88% e valendo R$ 5,03, o que deixa a formação dos preços tanto nos portos, quanto no interior do Brasil, mais frágil, tirando até R$ 7,00 a R$ 8,00 por saca.
Assim, os vendedores não se apresentam neste início de semana, com os negócios ainda acontecendo de forma muito pontual, sem grandes volumes sendo comercializados nesta segunda.
"O efeito da alta da semana passada se perdeu neste início de semana", relata Brandalizze. Na operação para entrega curta e pagamento em janeiro, o indicativo nos portos ficou na casa dos R$ 195,00 por saca, porém, "não apareceu um vendedor. Ele não quis vender nem acima dos R$ 200,00". diz.
O que mantém as referências ainda elevadas, em especial para o restante da safra 2021/22, são os prêmios altos que seguem sendo registrados no mercado brasileiro. A demanda pela soja do Brasil é forte, embora esteja se dividindo com a oleaginosa americana, e o volume, apesar de confortável, não é tão abundante de forma que pudesse pressionar os indicativos.