Soja: Preços melhoram no BR com altas de Chicago e do dólar e negócios voltam a fluir na semana
O mercado da soja fechou a segunda sessão consecutiva da semana em alta na Bolsa de Chicago, refletindo uma melhora dos cenários fundamental e financeiro, chegando a subir mais de 2% ao longo do dia, para terminar a terça-feira (28) em campo positivo, com altas de 25,50 a 36,75 pontos nos principais vencimentos. Assim, o agosto encerra o dia com US$ 15,55 e o novembro - que é o mais negociado neste momento - valendo US$ 14,61 por bushel.
Entre os derivados, as altas também eram fortes e passavam de 1%, tanto para o óleo, quanto para o farelo de soja. Milho e trigo também subiam. A terça-feira (28) é de alta generalizada para as commodities, e parte do suporte vem dos ganhos do petróleo. Os ganhos, somente no WTI, passavam de 2%, levando o barril a mais de US$ 111,00.
De um lado, os fundamentos e o monitoramento sobre o clima e o desenvolvimento da safra norte-americana. Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) voltou a reduzir a qualidade das lavouras de soja, milho e trigo no país. Na outra ponta, os mapas climáticos sinalizam melhores condições para o Corn Belt nos próximos dias.
"Os futuros do milho e da soja recebem suporte da queda das condições das lavouras. As lavouras sentiram as altas temperaturas. E os modelos mostram mais calor e mais chuvas para os próximos 10 dias", afirma o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Os mapas atualizados do NOAA, o serviço oficial de clima dos Estados Unidos, mostram que o período dos próximos 6 a 10 dias - de 4 a 8 de julho - será de chuvas acima da média e temperaturas acima, como ilustram as imagens a seguir.
Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o intervalo de preços que deverá ser praticado para os contratos da nova safra americana deverão ser de US$ 14,50 a US$ 15,50 por bushel. "Se lá na frente conseguir passar de US$ 15,00 já será interessante para o produtor, porque agosto é pico da entressafra, é o final do ciclo da safra americana. Então, normalmente, ele tem um valor bem melhor do que a posição lá na frente, o novembro", explica.
Ainda segundo Vanin, as boas novas que chegam da China também contribuem para o avanço das cotações, incluindo a melhora nas margens de esmagamento e da suinocultura.
"As margens da China melhoraram. Forte alta na Bolsa de Dalian para os futuros do farelo e do óleo, e o suíno vivo continua subindo forte. A China cobriu bem sua necessidade de soja para a janela de julho ao final de outubro", detalhou Vanin.
Além de todo esse quadro, o mercado futuro de grãos em Chicago se prepara ainda para receber o novo boletim trimestral de área de plantio e o boletim de estoques trimestrais de grãos norte-americanos na posição de 1º de junho.
MERCADO BRASILEIRO
O consultor da Brandalizze lembra ainda que o atual momento é decisivo e importante também para a formação dos preços dos insumos e dos custos de produção por parte dos produtores brasileiros, principalmente com a alta do dólar frente ao real.
"O pessoal do interior já tem me apontado que voltaram a subir os fertilizantes, e a relação de troca pode ficar mais apertada para frente. Então, não se deve deixar pra última hora. Estamos com a vantagem de sermos atendidos pela Rússia ao passo em que eles estão atendendo poucos países e para outros lados", explica.
A formação dos preços da soja aqui no mercado nacional segue mais limitado, porém, encontrando espaço para um respiro nesta semana com altas não só em Chicago, mas também do dólar frente ao real.
"Hoje o mercado de porto melhorou em relação a ontem. R$ 194,00 no julho, R$ 195,00 final de julho/começo de agosto, R$ 196,00 para agosto com setembro e R$ 197,00 para setembro todo. E aquela operação de entrega agora, pagamento em janeiro, bem trabalhado, tem condição de pagar os R$ 200,00 e essa é a melhor posição que temos nos portos agora", diz o consultor.
Ainda segundo Brandalizze, as referências no interior do país melhoraram de R$ 1,00 a R$ 2,00 por saca, e pode melhorar um pouco mais nesta quarta-feira.
E aos poucos os negócios vão voltando a fluir, incluindo novas vendas de soja da safra nova, que estavam mais contidos nas últimas semanas, com chances de preços de R$ 183,00 a R$ 185,00 por saca nos portos.
"O produtor tem que começar a ficar de olho no nisso porque porto quando bater os R$ 190,00, se tiver essa oportunidade, já são posições boas para pelo menos fazer uma média. Por enquanto o clima americano não está tão favorável como se explicava, mas se chover nos próximos dias muda toda a situação. São três semanas de queda de qualidade. Se chover, o mercado começa equilibrar a situação das lavouras e devolve esses pontos que ganhou", afirma o especialista.