Soja: Brasil inicia semana registrando negócios no mercado de balcão, mas sem as referências de Chicago
A semana começa sem a referência da Bolsa de Chicago para o mercado brasileiro da soja, com os negociadores, portanto, mais atentos ao comportamento do dólar e ao caminhar dos prêmios, estes não tendo mudado muito sem os negócios acontecendo na CBOT. Assim, nesta segunda-feira (30), os preços da oleginosa no Brasil mostraram poucas mudanças, permanecendo estáveis tanto nos portos, quanto no interior do país.
Como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, nos mercados de portos e lotes pouco posicionamento, dada a falta de Chicago, e mais negócios sendo registrados apenas no mercado de balcão. No Rio Grande do Sul, R$ 178,00 por saca na referência balcão, R$ 182,00 em Santa Catarina; R$ 175,00 a R$ 180,00 em Paraná, testando até R$ 185,00 em algumas localidades.
"Assim, apareceram posições de balcão em quase todos as regiões, mas no mercado de lotes ninguém quer se posicionar. E o produtor brasileiro também não está forçando vendas porque viu que na semana passada o mercado teve um pico de preços, testou acima de US$ 17,30 e voltou a acreditar que o mercado pode ir além. Mas, ele está esquecendo desses outros fatores que é o plantio americano aparecendo forte e o Putin podendo ser um fator negativo. Tem que colocar tudo isso na balança", explica o consultor.
Dessa forma, para esta semana a expectativa de Brandalizze é de que o mercado nacional tenha apenas fechamentos pontuais, com o sojicultor ainda mais na defensiva, esperando uma definição mais clara do caminho dos preços. O que mais incentiva novos negócios, segundo ele, são as melhores oportunidades que se apresentam de compra de insumos para a próxima safra.
"Tudo aponta que esta semana deve se abrir uma nova janela de negócios com fertilizantes, que estão mais calmos em dólar e a soja bem, também em dólares, o que pode deixar a troca mais atrativa para os produtores que reclamavam sobre o mercado estar bem mais desfavorável nas últimas semanas", complementa.
Nesta segunda-feira, o dólar iniciou seus trabalhos em baixa, com recuos expressivos, porém, passou para o campo positivo e fechou em alta frente ao real. A moeda americana subiu 0,32% para concluir o dia com R$ 4,75.
MERCADO EM CHICAGO
Os negócios na Bolsa de Chicago serão retomados na noite desta desta segunda-feira e um dos focos mais importantes do mercado internacional continua sendo o clima no Corn Belt e as condições para o avanço do plantio no país.
"As chuvas ocorridas no final de semana abrangeram as Planícies do Norte, contribuindo para o atraso da semeadura nestas regiões. As áreas do Corn-Belt continuaram secas. As projeções climáticas para os próximos 10 dias indicam chuvas leves a moderadas em todo Cinturão do Milho americano, com menores acumulados na faixa leste. Acumulados superiores a 60 mm são indicados nas Dakotas, Minnesota, Missouri e Oklahoma" afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Todavia, de outro lado, os ajustados estoques globais de soja, a demanda - em especial da China - e a continuidade da guerra também seguem no radar e deverão ajudar a dar o tom do caminho dos preços nesta semana.
"Os principais fundamentos que estão dando suporte aos preços são os estoques globais apertados, reflexo de uma guerra que já dura mais de 100 dias, e principalmente, as condições do clima dos EUA, Canadá, Europa e China", completa Sousa.
As atenções dos traders, quando o assunto é o conflito entre russos e ucranianos, passou a ser a possibilidade da abertura de um corredor para as exportações de grãos da Ucrânia e fertilizantes - além de grãos e outros produtos - pela Rússia, o que poderia impactar diretamente no mercado de trigo e chegar aos demais grãos e óleos vegetais.
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E o diretor da Labhoro lembra ainda que "Xangai aliviará os requisitos de teste de COVID-19 a partir de 1º de junho. As pessoas que entrarem em locais públicos precisarão mostrar um teste PCR negativo em 72h. Em Pequim, foram autorizados a reabertura de bibliotecas, museus, teatro e até mesmo
academias de regiões onde não se tem registros de casos de COVID a pelos menos 7 dias".