Soja: Mercado nos portos do Brasil encontra suporte nas altas do dólar compensando partes das baixas na CBOT
Como terminou a última, essa nova semana também começou intensa e volátil para o mercado da soja, tanto na Bolsa de Chicago, quanto no Brasil. O dia começou com os futuros da oleaginosa cedendo quase 30 pontos, acompanhando baixas agressivas nos derivados - liderados pelo óleo -, mas concluiu o pregão desta segunda-feira (25) recuando entre 11,50 e 12,75 pontos nos principais contratos, com o maio recuperando os US$ 17,00 e fechando com US$ 17,03 por bushel. O julho concluiu os negócios com US$ 16,75 por bushel.
Além do grão, o óleo de soja e o farelo também amenizaram as perdas. O óleo, que chegou a perder quase 3% ao longo do dia, terminou a sessão com baixas de 0,8%, enquanto o farelo cedeu 1,50%. Ambos também estiveram de olho no petróleo, que recuou mais de 3%.
O complexo soja mais uma vez sentiu a pressão agressiva do financeiro, que registrou um dia intenso de aversão ao risco diante das incertezas sobre as próximas ações do Federal Reserve sobre os juros nos EUA e o agravamento da Covid-19 na China.
De acordo com analistas e consultores internacionais, o agravamento do surto de Covid-19 na China derruba quase todas as commodities e índices acionários em partes do mundo. Mais do que isso, a tensão do mercado financeiro, avesso ao risco, à espera das novas medidas do Federal Reserve também continua influenciando o andamento das cotações.
"Os temores de um bloqueio mais amplo em Pequim estão assustando os investidores, que já estão preocupados com o risco de uma desaceleração global à medida que o Fed aumenta as taxas de juros para domar a inflação. Um amplo indicador das ações chinesas caiu para o menor nível em quase dois anos, enquanto os formuladores de políticas corriam para conter um surto que já afetava Xangai em meio à firme adesão do governo à sua política Covid-zero", explicam os profissionais ouvidos pela agência de notícias Bloomberg.
Paralelamente, o mercado permanece atento ao desenvolvimento da safra 2022/23 dos Estados Unidos e as condições de clima sob as quais se desenvolve, bem como à continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, além dos fundamentos de oferta e demanda já conhecidos pelo mercado.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os preços chegaram a testar R$ 200,00 por saca nos portos, a depender dos prazos de pagamento e entrega, de olho na alta forte do dólar. A moeda americana encerrou o dia com R$ 4,88 e ganho de 1,47%. No disponível, os indicativos chegaram perto disso.
E segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, as altas do dólar têm estimulado os produtores a efetivarem alguns novos negócios, já que sentem que Chicago ainda pode sentir alguns dias de pressão, mesmo que pontuais.
"A alta do dólar ainda está compensando as perdas que temos em Chicago", diz o consultor da Brandalizze Consulting. "E de agora em diante a tendência é pressionar (a CBOT) com o avanço do plantio nos EUA, com o clima começando a esquentar e dando condição de plantio", completa.