Soja intensifica altas em Chicago nesta 2ª acompanhando bons ganhos do trigo e de olho na guerra
O mercado da soja vem intensificando seus ganhos na BOlsa de Chicago no pregão desta segunda-feira (4), depois de começar o dia testando apenas ligeiros ganhos. Perto de 13h55 (horário de Brasília), as cotações subiam entre 12,25 e 21,75 pontos nas posições mais negociadas, com o maio valendo US$ 15,95 e o julho, US$ 15,83 por bushel.
Os futuros do grão acompanham as boas altas observadas entre os derivados de soja, ainda liderados pelo farelo, que sobe mais de 1% na tarde hoje, de olho no avanço de mais de 2% do trigo também na CBOT. Perto de 14h, as cotações do cereal subiam entre 24 e 28,50 nos principais contratos.
Como explicam analistas e consultores, os mercados seguem refletindo as preocupações com a guerra entre Ucrânia e Rússia, já que quanto mais se estende, mais compromete a oferta global de grãos e cereais.
"Os russos atacaram as instalações portuárias de Odessa e deixaram a Ucrânia sem o principal porto de exportação. Por esse motivo, os brokers seguem continuamente atentos a algum suposto cessar-fogo que fica cada vez mais difícil, ainda mais depois dos ataques da Rússia em Bucha, que levou os europeus a acusarem os russos de criminosos de guerra depois de informações de que eles haviam deixados vários civis mortos pela cidade", afirma Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro.
A equipe da consultoria, como explica Sousa, acredita que o conflito ainda deve durar bastante tempo, principalmente depois dos últimos acontecimentos, "o que, naturalmente, dá suporte aos preços em Chicago", diz.
De outro lado, o mercado também se preocupa com a demanda da China no momento em que o país segue vivenciando seu pior momento da pandemia de Covid-19 desde seu pico em 2020. O número de casos positivos continua subindo forte, mantendo milhares de chineses em lockdown e mexendo com o ritmo do consumo no país.
Além disso, também começa a ganhar mais espaço no radar dos traders o início da safra 2022/23 dos Estados Unidos, que está prestes a começar.
"Os produtores norte-americanos necessitam de uma safra cheia, o mercado mundial de soja não comporta mais quebras", explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira. "Agora dependemos do clima e no radar já existem preocupações. Não para o plantio, mas para as fases de desenvolvimento, entre junho e julho, quando o milho estará transitando de vegetativo para reprodução, a soja vai estar finalizando vegetativo na grande maioria do cinturão agrícola, e se essas preocupações se confirmam teremos novos gatilhos altistas no mercado internacional", complementa.
Veja a íntegra da entrevista: