Imagens de satélite analisadas pela Epagri apontam aumento das lavouras de soja em municípios de Campos de Lages
A Epagri realizou levantamento por imagens de satélite e técnicas de sensoriamento remoto da área de produção de soja nos municípios de Lages e Capão Alto e concluiu pelo aumento de 13 mil hectares nas lavouras do grão entre as safras 2012/13 e 2020/21. O avanço se deu principalmente sobre áreas de campos nativos.
O estudo faz parte do projeto “Cadeia de suprimentos de grãos para produção de proteína animal em Santa Catarina: informações e conhecimentos estratégicos para governança pública e desenvolvimento de mercados”, que tem como uma das metas aferir a evolução temporal e a capacidade de ampliar áreas de produção de grãos no estado. O projeto foi aprovado em edital da Fapesc de 2021 e é desenvolvido com apoio institucional da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro).
“O objetivo principal deste projeto é gerar informações estratégicas voltadas à tomada de decisão e aprimorar o processo de monitoramento da safra”, explica Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia Epagri/Cepa. Ele conta que o monitoramento se dá pela associação de métodos subjetivos e objetivos, que permitem a obtenção de informações de forma rápida e objetiva, bem como melhor análise das tendências da cadeia produtiva de milho e soja para o agronegócio catarinense. “Os resultados obtidos neste trabalho foram comparados com dados de monitoramento de safra realizado pela Epagri/Cepa, apresentando uma diferença para mais de 3% na área cultivada”, esclarece o analista, destacando que esta diferença está dentro da margem de erro normal para este tipo de levantamento.
Segundo o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, é essencial para gerar inovação na gestão pública fazer a conexão entre as demandas da sociedade e apoiar o desenvolvimento de soluções. “Esses desafios fazem parte deste Programa da Fapesc que tem trazido universidades, pesquisadores, mestres e doutores para atuarem em problemas significativos com propostas de pesquisa e inovação. Os impactos são esperados a médio e longo prazo, mas já temos resultados e entregas atuais como estas ações e metodologias desenvolvidas pela Epagri”, destaca.
Imagens de satélite
Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram e doutor em sensoriamento remoto, explica que foram utilizadas neste trabalho imagens dos satélites Landsat-8 e Sentinel-2. “A identificação das áreas foi realizada através de interpretação das imagens multitemporais, feita pela acadêmica de Agronomia Marina Dallabetta, com parte de seu trabalho de conclusão de curso no Centro de Ciências Agrárias da UFSC, onde é possível monitorar a safra completa, desde sua semeadura até a colheita, com imagens a cada cinco dias” descreve. Ele lembra que, assim, é possível auxiliar e aumentar a precisão nas estimativas de safra realizadas pela Epagri/Cepa, “ou seja, um trabalho conjunto entre técnicos do Ciram e Cepa”, destaca o pesquisador.
O projeto vai avançar com o mapeamento em outras regiões, bem como avaliar também a área de cultivo de milho no estado. “A adoção das técnicas de sensoriamento remoto é ferramenta importante para aferir a expansão e a dinâmica das culturas de grãos em determinadas regiões no estado, consolidando os trabalhos que a Epagri/Cepa realiza no monitoramento de safras, com informações estratégicas para o agronegócio catarinense”, conclui Haroldo. O conhecimento gerado por um conjunto maior de fatores da cadeia produtiva de grãos e produção de proteína animal vai subsidiar com ainda mais segurança a elaboração de políticas públicas.