Soja: Preços cedem mais uma vez no Brasil nesta 4ª feira acompanhando queda do dólar
Os preços da soja registraram mais uma dia de pressão no mercado brasileiro nesta quarta-feira (23). A baixa de mais de 1% do dólar frente ao real - com a moeda americana fechando em R$ 4,84 - pesou sobre os indicativos, tanto nos portos quanto no interior do país, apesar das boas altas registradas entre as principais posições na Bolsa de Chicago. No mercado futuro norte-americano, os ganhos variaram entre 13,75 e 22,25 pontos, com o maio terminando o dia com US$ 17,18 por bushel.
No interior, as cotações cederam entre 0,54% e 2,66%, mas as referências ainda se mantêm entre R$ 176,00 e R$ 198,00 por saca, enquanto nos portos as baixas foram de quase 1%, com as referências ainda acima dos R$ 200,00 por saca.
Com indicativos pressionados, o mercado segue travado e os produtores evitam novos negócios. E parte da baixa do dólar, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, se dá justamente pela alta das commodities.
"Após um ajuste para baixo no preço das commodities minerais e metálicas na véspera, os preços das matérias-primas voltam a ver uma alta generalizada nessa quarta-feira. E essa valorização segue sendo positiva para os nossos ativos, uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores de commodities do mundo. Diante desse quadro favorável para a produção brasileira de matéria-prioma, o dólar comercial está recuando pela sexta sessão seguida", explica o time da Agrinvesta Commodities.
BOLSA DE CHICAGO
O mercado continua encontrando suporte nos mercados vizinhos - principalmente entre os derivados, onde as altas passam de 1% na CBOT - e também em uma demanda mais forte que se espera pela oleaginosa e grãos norte-americanos dada a quebra da safra 2021/22 na América do Sul e a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito está em seu 28º dia.
"Os players seguem focados nos desdobramentos da guerra no leste Europeu, que não dá sinais de acordo, ainda mais depois da "reunião" entre Rússia, Reino Unido e EUA que trocaram acusações na ONU sobre a possibilidade de ataques com armas químicas na Ucrânia", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Ainda no radar dos traders permanecem também as perspectivas para o início da safra 2022/23 dos Estados Unidos, acompanhando as questões do clima no país e como os produtores se comportam diante dos elevados custos de produção. E a seca já preocupa para algumas partes do Corn Belt, mas ainda sem causar "falta de sono" entre os produtores norte-americanos.
Além do clima, os agricultores por lá também seguem atentos aos impactos dos elevados custos de produção e das decisões que estão tomando sobre sua área de plantio para a nova temporada.
Dessa forma, o relatório que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no dia 31 de março - o Prospective Plantings -, com dados mais próximos da realidade sobre a área que será destinada às principais culturas é bastante aguardado pelo mercado.