Soja: Mercado brasileiro mantém patamares elevados e portos acima dos R$ 200 com dólar e prêmios altos
O mercado da soja registrou mais um dia intenso e de volatilidade, tanto na Bolsa de Chicago, quanto no Brasil. A terça-feira (15) foi de perdas no mercado futuro norte-americano, que se amenizaram no final da sessão, e mais uma vez de alta do dólar frente ao real. As perdas na CBOT variaram entre 9,75 e 11,75 pontos, levando o maio a US$ 16,58 e o julho a US$ 16,35 por bushel. Já a moeda americana subiu 0,76% para encerrar o dia com R$ 5,16.
Frente a isso, os preços da oleaginosa no mercado interno registraram um dia de altas e baixas tanto para o físico, quanto para as referências nos portos. Algumas praças como Ponta Grossa, no Paraná, marcaram altas de 1,49%, enquanto Amambai, em Mato Grosso do Sul, cedeu 0,26%, para R$ 193,00 por saca. Nos terminais de exportação, a soja disponível foi a R$ 207,00 e em Paranaguá a R$ 208,00 por saca, com queda de 0,48%.
Nos melhores momentos da semana, os portos já deram chances de pagamentos de R$ 210,00 a R$ 213,00 por saca, nos embarques mais curtos, e de algo na casa de R$ 211,00 para julho, de acordo com um levantamento da Brandalizze Consulting.
Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, a semana começa com negócios pontuais, sem grandes avanços e com os produtores voltando a ficar mais reticentes em ampliar suas ofertas.
"Há produtores apontando que têm negociado alguns volumes para aproveitar os níveis e não deixar os
indicativos escaparem, mas tem sido menos volume do que o interesse de compra apresenta. Os produtores também seguem avançando com a colheita, mostrando que caminha para a conclusão em Mato Grosso, adiantada em todo o Centro-Oeste e Matopiba, com as máquinas devendo seguir fortes nos próximos dias.
Na última semana, o Brasil avançou bem na comercialização, tendo negociado mais de cinco milhões de toneladas, ainda segundo Brandalizze. E de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) divulgadas nesta segunda-feira (14), o país já exportou mais de 4,42 milhões de toneladas de soja nos oito dias úteis de março. O volume é 34,8% do total exportado pelo país durante todo o mesmo mês em 2021, quando foram embarcadas 12,7 milhões.
E como explica o consultor, os embarques brasileiros têm caminhado bem e março pode ser um mês importante para as exportações. Os negócios com a exportação, portanto, deverão seguir disputando a oferta menor desta temporada com as indústrias processadoras, onde a demanda também está bastante aquecida, o que pode ser suporte importante para os preços e também para os prêmios no Brasil, que já estão em patamares elevados.
BOLSA DE CHICAGO
De acordo com analistas internacionais, o mercado passa por um intenso movimento de realização de lucros e vendas técnicas de posições por parte dos fundos frente às últimas notícias. As baixas eram menos
"A soja e o milho estão sendo atingidos pela pressão das vendas com os traders bastante preocupados com os novos lockdowns da China por conta do novo surto de Covid-19, bem como acompanham muito de perto as negociações entre Rússia e Ucrânia mais uma vez hoje", informa a analista de mercado Bob Linneman, do portal Successful Farming.
Todavia, os preços, ainda de acordo com os especialistas, apesar das baixas, seguem mantendo patamares importantes para garantir o suporte para as tendência ainda positiva para as cotações. Parte da pressão vem também do petróleo, que lidera as perdas entre as commodities, chegou a ceder 8% e, no começo da tarde de hoje, perdia mais de 6%, pressionando os mercados vizinhos, e atuando abaixo dos US$ 100,00 por barril.
"Embora milhões de chineses “presos” possam ser bons para reduzir os preços do petróleo, isso está levantando novas preocupações sobre problemas adicionais na cadeia de suprimentos e aumento da inflação", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. .
Mais do que isso, ainda como explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities, "o número de novos casos na China tem dobrado a cada dois dias, colocando todo o aparato anticovid em alerta. Testes em massa, lockdowns, suspensão de viagens dentro do país, restrição à movimentação de cargas e acomopanhamento digital da movimentação de pessoas fazem parte da política da China de tolerância zero", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
Ainda segundo o especialista, a mudança nos hábitos dos chineses ganha ainda mais força com esse novo momento de agravamento da Covid-19 na nação asiática, principalmente entre o consumo de proteínas.
"Os players também estão atentos à reunião do FED que iniciará hoje e esperam novas atualizações sobre as questões geopolíticas da Ucrânia e Rússia", complementa Sousa.