Complexo Soja: Mercado tem dia de baixas na Bolsa de Chicago nesta 6ª feira, realizando lucros
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltam a operar no vermelho no pregão desta sexta-feira (11). O mercado devolve as altas da sessão anterior e, por volta de 11h30 (horário de Brasília), as baixas eram de 15,50 a 19,50 pontos nas posições mais negociadas, levando o maio a ser cotado a US$ 16,70 e o julho a US$ 16,40 por bushel.
O mercado realiza os lucros da sessão anterior, mas segue mantendo seu foco entre os fundamentos, bem como nos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. De acordo com analistas internacionais, do portal Farm Futures, chuvas previstas para a Argentina também pesam sobre as cotações nesta sexta.
"Os brokers ficam de olhos bem abertos nas tensões do Mar Negro que vem impactando de forma direta as exportações de commodities ucranianas, devido aos problemas logísticos do país por causa da guerra. A questão agora é, quanto tempo ainda este empasse pode durar?", explica Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro.
O comportamento da demanda está no foco dos traders. A China tem buscado muita soja nos Estados Unidos nas últimas semanas, o que fez com que os números reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) das vendas semanais para exportação da safra velha viessem acima das expectativas do mercado, superando dois milhões de toneladas.
E nesta sexta, uma nova venda de 264 mil toneladas da oleaginosa dos EUA para a nação asiática foi informada pelo USDA, neste caso da safra 2022/23.
Além do grão, os preços do farelo e do óleo de soja também cedem no pregão de hoje, depois das altas consideráveis da sessão anterior. Há uma demanda forte por ambos subprodutos, e não só dos EUA.
"Nessa semana os destaques ficaram para a disparada dos prêmios do farelo e do óleo de soja na América do Sul", afirma Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. "Os prêmios do farelo e do óleo de soja na Argentina e no Brasil continuam subindo mesmo com os futuros na CBOT batendo máximas de alguns anos – no caso do óleo está perto do recorde".
Segundo a análise de Vanin, as altas dos prêmios para o óleo se dão pela quebra da safra sul-americana, reduzindo a oferta global de matéria-prima para a produção do derivado, bem como a oferta ajustada nos demais óleos - principalmente o de girassol, já que 80% das exportações globais vêm da região do Leste Europeu. Além disso, a Indonésia elevou o percentual do quanto os vendedores terão que deixar de óleo de palma - o mais consumido no mundo - no mercado interno pde 20% para 30%, ajustando ainda mais a oferta deste óleo.
"Já para farelo, a alta dos prêmios se explica pela guerra. Um impacto não muito óbvio. O gás natural na Europa está custando o olho da cara e está escasso. A Yara Fertilizantes anunciou paralisação de suas operações na Itália e França por falta de gás. Na mesma linha, estão falando que as processadoras de soja estão parando por custos elevados e racionamento de gás. Se elas param, começa a faltar óleo e farelo, obrigando os consumidores de rações a comprar mais derivados na Argentina e no Brasil, seus principais fornecedores", complementa o analista.