Farelo sobe mais de 2% em Chicago com preocupações com o clima na América do Sul e soja acompanha
O mercado do farelo de soja na Bolsa de Chicago acelerou suas altas no início da tarde desta sexta-feira (10) e subia mais de 2% entre as posições mais negociadas, com a primeira sendo cotada a US$ 367,40 por tonelada curta. O avanço do derivado puxa também a soja em grão, que subia, perto de 12h (Brasília), pouco mais de 6 pontos nos principais contratos. O janeiro tinha US$ 12,71 e o maio, US$ 12,84 por bushel.
"O farelo sobe e puxa a soja. O clima na Argentina segue preocupando", afirma o risk manager da HedgePoint Global Market. "A intensificação da correlação dos movimentos do farelo com a soja se deve ao ajuste do "oilshare", que perdeu expressiva participação na remuneração do crush na rolagem do vencimento dezembro para o janeiro, além da sazonalidade de maior consumo de rações nos EUA e risco climático na Argentina", completa.
Martins explica ainda que "com o ajuste do oilshare, podemos observar que os futuros do farelo e do óleo se "canibalizam", ao passo que o farelo sobe mais de 2,5% o oleo cai 2%. Um oilshare proximo de 32% deve neutralizar essa dinâmica".
O quadro atual é desdobramento do La Niña, fenômeno climático que se estabelece pelo segundo ano consecutivo e segue cortando as chuvas não só na Argentina, como também no sul do Brasil. Afinal, a Argentina é responsável por mais de 40% das exportações mundiais e é a maior exportadora mundial do derivado.
"Embora as condições das lavouras e dos solos argentinos ainda estejam 'ok', o mercado precifica a piora que os mapas trazem para janeiro e fevereiro. Com o La Niña ganhando força, as anomalias de precipitação devem trazer volumes de chuvas bem abaixo do normla para o período para as regiões produtoras hermanas", explicam os analistas da Agrinvest Commodities.
Uma massa de ar extremamente seco continua impedindo o avanço das nuvens, promove elevação nas temperaturas e deixa a região em estado de alerta para baixa umidade relativa do ar. A tendência é que as chuvas retornem ao estado a partir de domingo, mas de forma de pontual e mantendo a irregularidade que vem sendo observada.
Segundo o modelo de previsão de temperatura do Inmet, a faixa oeste da região Sul deve registrar as temperaturas mais altass, acima da casa dos 30 graus nesta sexta-feira.
Na outra ponta, atenção ainda à demanda e à recente informação trazida pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre uma redução de quase três milhões de toneladas na estimativa para a safra de soja da China.