Soja sobe em Chicago com alta forte do farelo, mas dólar pesa sobre preços no BR nesta 4ª
Os preços da soja fecharam o pregão desta quarta-feira (9) com altas de mais de 10 pontos na Bolsa de Chicago, depois de uma sessão volátil e do mercado testar, ao longo dos negócios, o lado negativo da tabela. Assim, o contrato janeiro encerrou o dia com US$ 12,61 e o maio a US$ 12,76 por bushel.
O mercado do grão acompanhou as altas de mais de 2% entre os futuros do farelo, que levaram a primeira posição aos US$ 357,20 por tonelada curta diante das preocupações ainda com as condições adversas de clima na Argentina podendo comprometer a oferta do grão e do derivado no país, que é o maior exportador mundial do produto.
"O La Nia possui 91% de chance de ocorrência ao longo de janeiro, principal período de formação de vagens e enchimento de grãos das lavouras argentinas", afirma o risk manager da HedgePoint Global Markets, Victor Martins.
ALém da preocupação com o clima sul-americano, a decisão recente do presidente americano Joe Biden de reduzir os mandatórios de biocombustíveis - o que pressionou severamente o óleo de soja em quase 3% na CBOT - trouxe ainda mais suporte ao farelo frente à possibilidade de um menor esmagamento nos EUA e, consequentemente, de um volume menor de farelo chegando ao mercado.
"O reflexo disso foi unânime na CBOT, quando o mercado equilibrou o oilshare - que é o rendimento do óleo de soja no esmagamento - precificando novamente o farelo como o componente de maior rendimento econômico e produtivo no esmagamento de soja", afirma Martins.
Assim, o mercado segue de olho no quadro de clima para a Argentina e o Sul do Brasil ainda como suporte importante para as cotações do grão e derivados de soja na CBOT, mas também atento à melhora esperada para depois do dia 12 de dezembro, quando os mapas sinalizam chuvas melhores para estas regiões a partir desta data.
No Brasil, apesar da preocupação com as lavouras de soja do sul do país, em especial no Rio Grande do Sul, os campos do Centro-Oeste apresenta boas condições e vigor de vegetação acima da média, como explicou Felippe Reis, analista de culturas da Geosys Brasil.
O mercado também se prepara para a chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega nesta quinta-feira, 9, bem como acompanha os anúncios diários de vendas de soja feitos pelo USDA nesta semana.
O novo - e último de 2021 - boletim mensal de oferta e demanda do(Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) será divulgado nesta quinta-feira (9), às 14h (horário de Brassília), e poucas mudanças são esperadas pelos analistas e consultores de mercado. O boletim deste mês é tipicamente mais morno, porém, vindo do USDA pode sempre trazer alguma surpresa.
"Os traders deverão estar ainda mais atentos às estimativas para as safras da América do Sul", disse o analista líder do portal DTN Progressive Farmer, Todd Hultman.
Veja as expectativas completas:
MERCADO NO BRASIL
O dólar voltou a cair expressivamente nesta quarta-feira frente ao real, fechando o dia com 1,49% de queda e cotado a R$ 5,54. Assim, as altas em Chicago acabaram, pelo menos em parte, sendo neutralizadas para a formação dos preços da soja no Brasil.
No interior do país, as referências no mercado disponível perderam até 2,45%, como foi o caso de Castro, no Paraná, onde o preço da saca terminou o dia com R$ 159,00. Em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a perda foi de 2,53%, para R$ 154,00.
Os indicativos cederam também nos portos. Em Rio Grande, a soja disponível fechou o dia com R$ 167,00 e a safra nova em R$ 161,00 por saca, com perdas de 1,18% e 0,62%. Já em Paranaguá, R$ 168,00 e R$ 163,00, perdendo 1,18% e 0,61%, respectivamente.
Por outro lado, os prêmios ofertados para a soja brasileira continuam positivos e servindo como mais uma base importante para as referências no mercado brasileiro. Os preços são bem remuneradores aos produtores, porém, os negócios já se mostram um pouco mais escassos agora.