Fundo internacional pela soja sustentável investe em projetos no oeste da Bahia
Responsável pela produção de 5,8 milhões de toneladas de soja por ano, segundo dados da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), o Oeste da Bahia receberá uma série de investimentos em favor de práticas agrícolas sustentáveis pelo Land Innovation Fund - fundo internacional criado com aporte de US$30 milhões (cerca de R$150 milhões de reais) da Cargill que acaba de anunciar os primeiros projetos contemplados para financiamento no país. Coordenadas por três diferentes parceiros – SENAI CIMATEC, Solidaridad Brasil e AIBA, juntamente com o Instituto AIBA – as iniciativas funcionarão em sinergia e fomentarão soluções inovadoras em prol de uma cadeia produtiva da soja sustentável, com foco no produtor rural, causando impacto econômico e socioambiental positivos na região.
O Oeste da Bahia integra o bioma Cerrado, o segundo maior da América do Sul, e um dos focos de atuação do Land Innovation Fund, juntamente com o Gran Chaco e a Amazônia. Ocupando 22% do território brasileiro, o Cerrado reúne algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo e é uma região de fundamental importância para a biodiversidade do planeta. A combinação de terras férteis, disponibilidade de água e relevo plano também faz do Cerrado – em especial do Matopiba, fronteira agrícola entre os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Oeste da Bahia – uma região com elevado potencial para o agronegócio, em particular para o plantio de grãos. “Os produtores rurais do Oeste da Bahia vêm buscando, nas últimas décadas, por meio da inovação tecnológica e da aplicação do conhecimento adquirido com a experiência no campo, aumentar a produtividade, com sustentabilidade ambiental e social”, afirma o produtor e vice-presidente da AIBA, Moisés Schmidt.
São quatro os projetos aprovados pelo Land Innovation Fund para a região: um dedicado ao estudo e mapeamento do balanço de carbono, outro voltado para o desenvolvimento de um sistema digital de monitoramento de dados socioambientais, um terceiro focado em novas soluções tecnológicas e, por último, um que aprimora a comunicação e o engajamento entre todos os atores envolvidos na cadeia de produção agrícola, com foco no produtor rural. “Reconhecemos a importância do oeste da Bahia para o agronegócio e o esforço dos produtores locais para alinhar a produção de algumas das principais commodities brasileiras às demandas internacionais de preservação e restauração do bioma. Por isso, unimos esforços e investimentos em projetos capazes de gerar impacto positivo na cadeia produtiva da soja na região”, afirma o diretor do Land Innovation Fund, Carlos E. Quintela.
A Solidaridad Brasil, organização internacional da sociedade civil com mais de 50 anos de experiência no desenvolvimento de cadeias agropecuárias sustentáveis, será responsável pela criação de um grupo técnico de trabalho para mapear cenários, validar metodologias e criar uma base de dados consistente sobre o balanço de carbono na cadeia produtiva da soja na região. "O uso eficiente do solo é uma questão chave para a produção sustentável de soja no Oeste da Bahia. Reduzir a emissão de carbono no ciclo produtivo é fundamental para a conservação do Cerrado. E o apoio do Land Innovation Fund, bem como a partir de parcerias locais com outras instituições, possibilitará a disseminação, junto a produtores e produtoras, de práticas sustentáveis na transição para uma agricultura de baixo carbono”, afirma o Diretor de País da Solidaridad Brasil, Rodrigo Castro.
Em paralelo, o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (CIMATEC) do SENAI desenvolverá um sistema de inteligência e monitoramento territorial, intitulado SIMA, que reunirá dados e indicadores socioeconômicos e ambientais capazes de aprimorar a gestão e a eficiência da agricultura de baixo impacto na região, com módulos dedicados à gestão de recursos hídricos, uso da terra e de boas práticas agrícolas. Dados sobre a cadeia de carbono também serão integrados ao sistema, ajudando a identificar a fonte das emissões dos gases de efeito estufa e a conter seus efeitos. O SIMA beneficiará cerca de 240 produtores de soja numa área de 800 mil hectares, auxiliando-os em uma gestão sustentável do processo agrícola.
“A digitalização e a gestão de dados e indicadores socioeconômicos e ambientais da região de forma integrada auxiliará toda a cadeia nas tomadas de decisões, suportadas, sobretudo, na promoção do desenvolvimento de forma sustentável, transparente e eficiente”, afirma Flávio Marinho, Gerente Executivo de Serviços Tecnológicos e Empreendedorismo do SENAI CIMATEC.
A AIBA, maior associação de produtores rurais no Oeste da Bahia, representando cerca de 1.300 fazendeiros em uma área com mais de 2.5 milhões de hectares, associada a uma área conservada com vegetação nativa de aproximadamente 4,5 milhões de hectares, juntamente com o Instituto AIBA, serão responsáveis pela coordenação das atividades de campo e de comunicação para os dois parceiros –Solidaridad Brasil e SENAI/CIMATEC - ajudando a engajar os produtores a participar dos projetos e a promover práticas agrícolas sustentáveis em suas propriedades. Em paralelo, AIBA e SENAI/CIMATEC também coordenarão um Hackethon online – o AIBA Lab - para identificar e implementar as melhores soluções tecnológicas para redução do desmatamento na região.
“O produtor rural da região Oeste da Bahia é parte fundamental para o sucesso das iniciativas de sustentabilidade, porque ele conhece a realidade do campo, além de já estar engajado com a produção sustentável por meio da inserção de tecnologia, boas práticas agrícolas que permitem a conservação do solo e da água, respeito à legislação ambiental e trabalhista e da responsabilidade social através do Instituto AIBA”, afirma Eneas Porto, analista ambiental da AIBA.
Com o apoio do Land Innovation Fund, AIBA, Solidaridad Brasil e SENAI CIMATEC trabalharão de forma sistêmica e integrada, em um processo contínuo em favor de iniciativas ambientalmente sustentáveis e financeiramente rentáveis, capazes de contribuir para fortalecer a região Oeste da Bahia como pólo de referência em ações sustentáveis no agronegócio em geral, e em especial na cadeia produtiva da soja no país.