Soja fecha com leves altas em Chicago e preços ainda bastante firmes no Brasil
Os preços da soja terminaram o dia em campo positivo na Bolsa de Chicago, com pequenos ganhos de 1 a 7,50 pontos nos principais contratos, e o maio sendo cotado a US$ 13,89 e o setembro a US$ 12,83 por bushel. Na análise de Vlamir Brandalizze, parte desses ganhos vem da falta de chuvas que ainda é sentida por partes das regiões produtoras nos EUA.
"O clima esquentou, mas as chuvas ainda não estao normalizadas", diz o consultor da Brandalizze Consulting.
Nas últimas 24 anos, cerca de 10% das regiões do Delta e do Meio-Oeste americano, de acordo com o Commodity Weather Group (CWG), receberam alguns volumes de chuvas, aliviando o sofrimento de alguns pontos com o tempo seco. Foram volumes que variaram, em ambas regiões, de 2,56 a 10,24 mm, ainda limitadas, mas que amenizam o quadro.
Já para os próximos cinco dias, são esperados volumes mais expressivos, os quais podem ficar entre 6,4 e 32 mm nas áreas de milho do Delta e do Meio-Oeste americano, com pontos onde as precipitações poderiam alcançar até 76,8 mm.
No intervalo de 18 a 22 de abril, nos próximos 6 a 10 dias, ainda de acordo com o CWG, as chuvas deverão ficar abaixo do normal para quase toda a área produtora de grãos nos EUA - como mostram os mapas abaixo - e voltam à normalidade em alguns pontos entre os dias 23 e 27.
De US$ 13,80 a US$ 14,10 nos vencimentos mais curtos e de US$ 12,00 a US$ 12,80 para os mais distantes, referentes à safra 2021/22. Estes são os intervalos para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, acredita Brandalizze. Embora haja mais fundamentos influenciando no andamento das cotações agora, o mercado climático para os Estados Unidos vai ganhando cada vez mais espaço no radar dos traders.
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As cotações também encontraram suporte nos bons números sobre as importações chinesas de soja reportadas nesta terça-feira. No acumulado de 12 meses, o volume ultrapassa 103 milhões de toneladas e registra um aumento de 15%.
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MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os novos negócios ainda permanecem restrito, com boa parte da safra 2020/21 já negociadas e o foco dos produtores agora no escoamento e nos embarques, que somam mais de 1 milhão de toneladas por dia, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Já foram embarcadas quase 6 milhões de toneladas em abril, com o mês podendo ser recorde e registrando um total que supere as 16 milhões de toneladas.
No acumulado do ano, as exportações brasileiras são de 22,2 milhões de toneladas, superando o mesmo período do ano passado, quando eram 21,45 milhões de toneladas. E assim, o total já embarcado pelo país em todo 2021 é recorde para o intervalo, ainda como explica Vlamir Brandalizze.
Diante desta força maior dos embarques, de patamares ainda elevados na Bolsa de Chicago e frente ao dólar alto, que segue acima dos R$ 5,70, os preços da soja brasileira também continuam altos. Assim, as referências de preços para a safra atual seguem variando entre R$ 147,00 - para abril/maio - e R$ 180,00 por saca - julho/agosto.
"Os portos seguem compradores nestes níveis, mas alguma calmaria sendo registrada nas indústrias depois da redução da mistura do biodiesel de 13% para 10%", complementa o consultor.