Soja testa preços acima dos R$ 180 nos portos para o 2º semestre com dólar alto e Chicago positivo
As poucas mudanças trazidas no boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também tiveram pouco reflexo no mercado da soja na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (9).
Embora os futuros da oleaginosa tenham recuado na sequência da divulgação dos números, as cotações voltaram a subir e encerraram o dia com ganhos de 3,50 a 7,25 pontos nos principais contratos, levando o março a US$ 14,41, o maio a US$ 14,40 e o agosto a US$ 13,82 por bushel.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado físico brasileiro, a terça-feira foi mais um dia de preços em alta para as principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Os ganhos variaram entre 0,59% e 3,23%, como foi o caso de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, onde o valor da saca foi a R$ 160,00.
Nos portos, os indicativos subiram entre 0,56% e 0,57%, com a soja spot encontrando referência em R$ 177,00 em Paranaguá e R$ 176,00 em Rio Grande. Para abril são R$ 178,00 e R$ 177,00, respectivamente. Nos meses mais distantes, as chances de negócios são com preços ainda mais elevados.
"No Brasil, o fator principal é o dólar muito forte", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. Nesta terça, a moeda americana encerou o dia com R$ 5,79 e alta de 0,24%, depois de se aproximar de R$ 5,90 ao longo do dia, com o mercado cambial refletindo a decisão do ministro Edson Fachin.
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Para julho, são referências entre R$ 182,00 e R$ 184,00, "mas sem pressão de venda", explica Brandalizze, "com os vendedores buscando entregar seus contratos e evitando novos negócios", diz.
O relatório manteve inalteradas as estimativas para os estoques finais, exportações e esmagamento de soja nos EUA, enquanto trouxe um aumento de 1 milhão de toneladas na safra de soja do Brasil, para 134 milhões, e uma redução para a Argentina de 48 para 47,5 milhões.
A produção global da oleaginosa veio projetada em 361,82 milhões de toneladas, um pouco maior do que o número do mês anterior, de 361,08 milhões. Já os estoques finais vieram em 83,74 milhões de toneladas, também levemente acima do relatório anterior, de 83,36 milhões de toneladas.
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As importações de soja da China continuam a ser projetadas em 100 milhões de toneladas, porém, como explicou o analista de mercado Marcos Araújo, é um ponto de atenção. O agravamento de algumas zoonoses no país asiático como o porcina vírus e a doença da orelha azul, além da Peste Suína Africana, poderia levar a um "pé no freio" mesmo que momentâneo das compras chinesas.
E confirmada essa situação, o mercado poderia sentir um pouco da pressão ou ao menos ver seu movimento de altas sendo limitado.
Mais do que isso, Araújo afirma ainda que mesmo com esses números mais altos para a safra de soja do Brasil, o mercado segue monitorando e acompanhando a conclusão da safra por aqui, já que há ainda há muitas regiões produtoras importantes sofrendo com adversidades climáticas e contabilizando suas perdas.
"O que o USDA quis dizer com esse relatório foi que precisa de mais tempo para averigurar a situação da soja e milho na Argentina e no Brasil em função do La Niña, com excesso de chuvas no Brasil e na Argentina, a falta delas", explicam os analistas da Agrinvest.