Greve dos trabalhadores portuários continua na Argentina e abastecimento das processadoras está ameaçado

Publicado em 18/12/2020 14:31 e atualizado em 20/12/2020 16:53

A greve dos trabalhadores portuários continua nesta sexta-feira (18) na Argentina, 22 portos permanecem paralisados e a indústria do óleo de soja no país já afirmou que pode faltar produto na próxima semana caso o movimento siga limitando as atividades de todas os elos da cadeia processadora e distribuidora do complexo soja. 

De acordo com informações reportadas pelo site local Infocampo, o Sindicato dos Trabalhadores Processadores apresentou uma queixa contra o gerente do Terminal 6 SA e T6 Industrial SA, Claudio Petroselli. Segundo a denúncia, Petroselli teria chegado aos portões de uma das fábricas onde acontecem as paralisações intimidando funcionários e afirmando que a produção tem que continuar. 

Greve dos trabalhadores da Argentina no porto de San Lorenzo  - Foto: Infocampo

Na última segunda-feira (14), se reuniram empregados, empregadores e entidades de classe junto do Ministério do Trabalho, porém, as negociações fracassaram e um acordo não foi alcançado. E novas negociações ainda não estão previstas. 

"Uma paralisação tão longa terá, inevitavelmente, um impacto no mercado interno, gerando complicações na chegada dos derivados ao consumidor final, bem como de farelo de soja, por exemplo, aos produtores de frango e suínos", disse Luís Zubizarreta, presidente da Câmara dos Portos Comerciais Privados ao jornal La Nacion. "É fundamental que o mercado arbitre nesta questão, buscando minimizar os impactos sobre as cadeias agroindustriais e em toda economia", completa.

Fontes ligadas às empresas afirmaram ao La Nacion que podem ser registrados problemas de abastecimento de óleo caso o movimento continue nos próximos dias. Na outra ponta, alguns líderes afirmam que as empresas têm estoques e a possível falta de produto seria mais especulação do que realidade. No entanto, reconhecem que caso o problema não seja resolvido até o Natal, a situação poderia se agravar. 

Foto: La Nacion

Outra preocupação que se dá com a greve é a paralisação da movimentação dos volumes colhidos de trigo e cevada - com a colheita em andamento neste momento - do campo para os portos. 

Foto: Infocampo

Associações de classes de produtores de soja, milho, trigo e mais produtos agrícolas - em especial os grãos - já se manifestaram também, pedindo uma ação mais intensa do governo para que o acordo seja rapidamente aconteça. 

Na última quarta-feira, o Notícias Agrícolas já havia noticiado sobre a greve informando que, de acordo com a imprensa local, seriam  4,5 milhões de toneladas de grãos e subprodutos à espera para serem embarcadas em 129 navios. Do total, seriam 1,5 milhão de toneladas de farelo de soja; 1,1 milhão de trigo; 900 mil de milho e 500 mil de óleo de soja. O restante seriam outros produtos. 

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Greve no setor de oleaginosas da Argentina prossegue; exportações são afetadas

BUENOS AIRES (Reuters) - Os trabalhadores de indústrias oleaginosas e inspetores de grãos da Argentina mantinham nesta sexta-feira uma greve que já dura mais de uma semana, afetando a produção de farelo de soja e as exportações agrícolas do país, sem sinais de que um acordo salarial possa ser fechado no curto prazo.

As empresas produtoras de farelo e agroexportadoras têm mantido negociações com os sindicatos de trabalhadores do setor de oleaginosas em relação ao reajuste salarial de 2021. Ambos os lados acusam o outro de intransigência nas conversas.

"Estamos pedindo que eles interrompam a greve e voltem à mesa de negociações o mais rápido possível. Por enquanto, não tivemos resposta", disse Gustavo Idigoras, presidente da câmara de empresas exportadoras e processadoras de oleaginosas CIARA-CEC.

Também faz parte da greve o sindicato Urgara, de inspetores de grãos, necessários para o fluxo das safras argentinas nos portos.

"Não há nada de novo em relação às negociações. Não parece que qualquer coisa vá acontecer até a semana que vem", disse um porta-voz do Urgara à Reuters.

A paralisação afetou os embarques da maior exportadora de farelo de soja do mundo. As greves são comuns na Argentina, onde os empregadores são pressionados a conceder aumentos salariais em linha com a alta inflação.

Os preços ao consumidor no país subiram 3,2% apenas em novembro, e 30,9% nos 11 primeiros meses do ano, segundo dados oficiais.

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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