Soja fecha em alta na Bolsa de Chicago, mas registra novas baixas no interior do BR
O mercado da soja, nesta segunda-feira (14), registrou um dia de volatilidade na Bolsa de Chicago, sempre trabalhando em campo positivo e terminando o dia com ganhos entre 8,75 e 9,25 pontos nos principais contratos. Assim, o janeiro fechou com US$ 11,69 e o março com US$ 11,74 por bushel. Nas máximas do dia, as posições alcançaram, respectivamente, US$ 11,73 e US$ 11,78.
No Brasil, apesar de mais um pregão de altas na CBOT e de uma alta de 1,52% do dólar frente ao real, os preços da soja disponível voltaram a cair no interior e registraram perdas de até 4,89%, como em Itiquira/MT, onde a saca encerrou o dia com R$ 146,00 de referência.
Nos portos, os indicativos permaneceram estáveis tanto para o spot, quanto para a safra nova, referência fevereiro de 2021. Em Paranaguá, a oleaginosa disponível fechou com R$ 155,00 e o em Rio Grande, R$ 153,50 por saca, enquanto a nova temporada encerrou com R$ 135,00 e R$ 133,00, nesta ordem. Em Santos/SP, R$ 140,00 é a referência para junho/21.
Além do dólar mais baixo - apesar do avanço desta segunda-feira - a saída dos compradores do mercado também tira força dos preços no mercado nacional, como explicam consultores e analistas de mercado.
"O mercado continuará mostrando pouco movimento nesta nova semana. Estaremos na véspera do Natal e é normal que os negócios percam ritmo", afirma Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. "Como já tivemos forte queda nos níveis do grão disponível, havcerá pouco espaço para novas baixas nos próximos dias, mas seguiremos vendo o dólar como fator importante".
A volatilidade mais intensa e os patamares mais baixos em que opera o dólar frente ao real passaram a chamar mais atenção dos produtores brasileiros de soja nas últimas semanas, mesmo já estando bem vendidos. Com quase 60% da safra 2020/21 já comercializada e os negócios mais limitados neste momento - em partes motivados pelas incertezas climáticas - o sojicultor agora se questiona como essa baixa da moeda americana pesa sobre a formação dos preços da oleaginosa daqui em diante.
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BOLSA DE CHICAGO
Os traders seguem refletindo as especulações com o clima na América do Sul e as preocupações com a nova safra, a oferta ajustada e a demanda ainda intensa. Todavia, analistas e consultores lembram que o mercado ainda precisa de novas notícias - e notícias fortes - para sustentar sua escalada de preços.
"A vantagem para o mercado de commodities agrícolas é que os fundamentos, principalmente de soja, milho e trigo, são altistas. Ou seja, se juntar a esse quadro alguma especulação climática na América do Sul e compras de fundos, estão se justifica acreditarmos que até o final do ano a tendência do mercado é positiva", explica Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da TradeHelp.
Do lado da demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe números fortes dos embarques semanais de soja - em 2,369 milhões de toneladas -, mas que ficaram dentro das expectativas do mercado, de 2,050 a 2,650 milhões.
"Ainda estamos preocupados com o clima seco na América do Sul e a ausência da demanda da China no mercado norte-americano agora. O clima na sul-americano está seco em sua maior parte, porém, há algumas áreas recebendo chuvas chuvas significativas no nordeste da Argentina e no Brasil Central", explica ao portal Successful Farming, Jack Scoville, da PRICE Futures Group.