Diferença entre números da Conab, USDA e IBGE para safra de soja do BR reforçam irregularidade
As últimas projeções de órgãos públicos para a safra 2020/21 de soja do Brasil continuam confirmando e reforçando a irregularidade da temporada. Nesta quinta-feira (10), a Conab trouxe seu número em 134,56 milhões de toneladas, enquanto o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) trouxe 127 milhões. Da mesma forma, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve sua estimativa em 133 milhões.
Embora o mercado esteja monitorando as adversidades climáticas em algumas regiões produtoras do país, os números da Conab e do USDA estão bem alinhados e parece que ainda são os mais considerados pelos traders.
"O mercado te dá relevância pela assertividade e pouco olha para os números do IBGE", explica Ênio Fernandes, consultor em agronegócio da Terra Agronegócios. "Antes da Conab, do USDA e do IBGE, as estimativas das consultorias privadas já vêm falando de números entre 129 e 134, 135 milhões de toneladas. E só o tempo vai corrigir isso".
A margem grande entre os números reflete uma diferença de metodologia dos institutos. Recentemente, a Conab informou que revisou e refez todos as suas formas de coleta informações, voltando a campo para acompanhar o desenvolvimento da safra.
Ainda assim, os produtores seguem questionandos os números e relatam perdas consideráveis de potencial produtivo. A conclusão de dezembro e o mês de janeiro serão determinantes para definir a produtividade da soja brasileira.
Somente no estado de Mato Grosso, maior produtor do país, 300 mil hectares tiveram de ser replantados, os quais já deverão apresentar menor potencial dado o cenário climático e mais o tempo da janela para a semeadura da oleaginosa. O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) já reduziu em 1% sua estimativa para o rendimento da oleaginosa.
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De acordo com informações apuradas pelo Commodity Weather Group (CWG), nas últimas 24 horas, apenas algo entre 30% e 35% da área produtora de soja do Brasil receberam chuvas e os volumes foram limitados, variando entre 6,35 e 25,4 mm.
"Há um stress de curto prazo para menos de 20% da área de soja do Brasil, porém, as lavouras ainda estão sofrendo para se recuperar no sul de Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul", analisam os especialistas do CWG.
Já para os próximos cinco dias, as previsões sinalizam chuvas podendo chegar a algo entre 65% e 75% da área da oleaginosa, com acumulados que poderiam alcançar entre 12,7 e 38,1 mm. No intervalo dos próximos 6 a 10 dias - 16 a 20 de dezembro -, ainda de acordo com as previsões do CWG, as precipitações se mostram ainda mais localizadas, com todo Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e partes do Mato Grosso e da Bahia com chuvas abaixo da média.
Na sequência, nos próximos 11 a 15 dias - de 21 a 25 de dezembro -, as precipitações deverão ficar dentro do normal.
"As chuvas dispersas diminuem no norte do Brasil no final de semana e devemos ter uma semana de clima mais seco antes das chuvas. Para o Centro e o Sul do país são esperadas de forma mais bem distribuídas na próxima semana, também auxiliando as áreas de soja", complementa o boletim do instituto internacional de meteorologia.