USDA informa nova venda de soja para destinos não revelados; mercado especula sobre China

Publicado em 03/08/2020 12:10 e atualizado em 03/08/2020 16:10

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou uma nova venda de soja para destinos não revelados de 260 mil toneladas. Do total, 8 mil toneladas foram da safra 2019/20 e 252 mil da safra 2020/21. O mercado, mais  uma vez, especula que as vendas tenham como destino a China. 

O foco do mercado internacional da oleaginosa segue sobre a demanda da nação asiática no mercado norte-americano, uma vez que é sabida a falta de produto no Brasil. Além da pouca oferta brasileira, há ainda a busca da China em alcançar as metas definidas com os EUA na fase um do acordo comercial em janeiro. 

De acordo com especialistas internacionais, Pequim poderia, de fato, alcançar o "ambicioso alvo dos US$ 36,5 bilhões" este ano, mas a janela para isso é apertada. E assim, a China tem buscado ampliar suas compras de soja, uma vez que a commodity é um dos produtos de maior 'peso' financeiro sobre as aquisições do país no mercado dos Estados Unidos. 

Números compilados pela Agrinvest Commodities mostram que "as vendas de soja e milho dos EUA para a safra 2020/21 cresceram rápido com a demanda da China". Os gráficos, na sequência mostram a evolução das operações e os dados indicando um volume comprometido de ambos os produtos bem acima do mesmo período da safra anterior. 

As vendas da soja já somam 13,7 milhões de toneladas comprometidas, contra 3,3 milhões do ano anterior nesse mesmo intervalo e 10,3 milhões de média dos últimos quatro anos. "A China com 16,4 milhões de toneladas da safra velha - sendo 13,4 milhões já embarcadas - e 12 milhões da safra nova (inclui 50% da posição para desconhecidos). A China tem 15 milhões de toneladas em aberto nos EUA", explicam os analistas da Agrinvest. 

Sobre o milho, são vendas de 8,3 milhões de toneladas da temporada nova, contra 3,9 milhões do ano passado, nesse mesmo período, e frente a média dos últimos quatro anos também de 8,3 milhões. 


A China continua trazendo ao mercado os sinais da força de sua demanda principalmente com uma necessidade maior vinda do setor de proteínas animais. O país vem buscando recompor seus planteis de suínos após o pico do surto de Peste Suína Africana. 

"O aumento da retenção de matrizes de suínos está provocando crescimento do consumo de rações e a pressão sobre o quadro de oferta e demanda do milho e de farelos vegetais na China" são dois dos principais fatores que justificam esse aumento do consumo da nação asiática. 

A oferta de milho é tão ajustada no país que os preços do cereal já acumulam uma alta de 23% no ano, também como ilustra o gráfico da Agrinvest Commodities.

 

PREÇOS EM CHICAGO

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja seguem operando em campo positivo, porém, com ganhos bastante tímidos. Por volta de 12h15 (horário de Brasília), as altas variavam entre 1 e 2,50 pontos nos principais contratos, com o agosto sendo cotado a US$ 8,95 por bushel, bem como o novembro, e o janeiro/2021 a US$ 9,00. 

Nesta segunda, o mercado espera por dois novos boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), sendo o primeiro de embarques semanais de grãos e, na sequência, no final do dia depois do fechamento do mercado, o semanal de acompanhamento de safras às 17h (Brasília).

E a expectativa do mercado aponta para um acréscimo de 1% no índice de lavouras tanto de soja, quanto de milho, em boas ou excelentes condições, passando para 73%. 

MERCADO NACIONAL

No Brasil, o foco e a movimentação mais intensa permanecem sobre a nova safra. A demanda pela soja 2020/21 do Brasil é bastante forte - o que tem puxado bastante dos prêmios para o produto da nova temporada - e ainda atrai muitos importadores. Para a safra atual, permanece a disputa entre demanda externa e interna. 

"O mercado da soja seguirá com muitos compradores, porque tem interessados nos portos e no mercado interno,  e a safra já esta bem negociada, Assim, o pouco que resta vai sendo bem valorizado, abrindo espaço para novos ajustes positivos", explica Vlamir Brandalizze. "Os negócios devem fluir, mas de maneira pontual, nos momentos que tiver apoio de dólar ou Chicago para andar com patamares maiores que os níveis da semana que passou", completa o consultor de mercado da Brandalizze Consulting. 

Além disso, o mercado observa ainda uma alta de mais de 3% no dólar, que volta a superar os R$ 5,30 neste início de tarde de segunda-feira. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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