China compra 20 navios de soja no Brasil nesta semana com demanda exigindo mais do país
Concentradas no Brasil, as compras de soja da China por aqui já totalizam vinte navios somente nesta semana, segundo apurou o Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (6), além dos outros 10 da última semana. A demanda da nação asiática permanece forte, e ganhou ainda mais ritmo diante de uma necessidade maior do país neste momento de crise, que já promoveu, inclusive, uma recuperação nos preços do farelo.
Informações que partem da China dão conta de que o setor está bastante demandado, favorecendo uma melhora nas margens industriais de esmagamento de oleaginosa e, consequentemente, promovendo estas novas compras da soja em grão de origem brasileira.
E essa retomada do farelo se dá, principalmente, pela maior necessidade no setor de proteínas animais. Segundo informou o portal chinês Cofeed nesta quinta-feira, o Ministério da Agricultura local vem trabalhando para promover uma recuperação de seu plantel de suínos este ano, porém, ainda sofrendo com Peste Suína Africana.
"Para lidar com a flutuação na produção de suínos e nos preços da carne suína desde 2019, o governo central adotou uma série de políticas e medidas para estabilizar o preço e garantir o suprimento, de modo que a capacidade de produção de suínos possa se recuperar gradualmente", disse em nota, Han Changbin, Ministro da Agricultura.
Han complementa dizendo, porém, que "a situação ainda é grave, portanto, é necessário tomá-la como uma tarefa importante para estabilizar a produção de suínos e garantir o suprimento e tomar medidas abrangentes, como na produção de grãos, recuperando assim a capacidade de produção de suínos para um nível normal até o final de 2020".
Do mesmo modo, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) informou que as exportações de carne de frango, em janeiro, registraram uma alta de 14,9%. As compras da China, no mesmo período, cresceram 87%.
"O mercado internacional segue pressionado, o que se reflete em preços maiores em relação ao registrado em 2019. O mix de produtos enviado para mercados com maior valor agregado, como Japão, China e União Europeia, também favorecera o desempenho mensal", afirma o presidente da associação, Francisco Turra, em nota.
Em sua última entrevista ao Notícias Agrícolas, nesta quarta-feira (5), Turra disse ainda que o momento é do Brasil buscar investir na produção de frangos diante desta força da demanda chinesa. Afinal, como ele ainda explicou, depois da PSA e do coronavírus, os casos de gripe aviária é que devem causar ainda mais problemas à produção local.
No link abaixo, veja a entrevista na íntegra:
>> É hora de investir na produção de frangos; demanda chinesa chega forte em 2020, diz ABPA
O movimento já promove alguma melhora nos prêmios pagos pela oleaginosa do Brasil, que aos poucos vai buscando melhores patamares, principalmente, porque já há um elevado percentual na nova safra comprometida.
Mais do que isso, a soja do Brasil continua sendo a mais competitiva do mundo diante de seus concorrentes, com melhores preço e qualidade, fatores que continuam atraindo os compradores. E no paralelo, há ainda a vantagem cambial, com dólar de volta aos R$ 4,28 nesta quinta-feira.
"Apesar do otimismo renovado diante do cumprimento chinês no pacto político com os norte-americanos, os ajustes para a soja foram insignificantes para o atual cenário de importação. Nos atuais patamares, o Brasil continua possuindo a oleaginosa mais barata para exportação. A demanda chinesa continuará concentrada para o grão brasileiro, mesmo diante da vigência da Fase 1 do Acordo", explicam os diretores da ARC Mercosul.
A moeda norte-americana terminou o dia com alta de mais de 1%, novamente, batendo em suas máximas históricas e contribuindo para preços mais altos, ou ao menos sustentados no mercado brasileiro. O que limita um avanço mais expressivo são as cotações ainda pressionadas na Bolsa de Chicago.
Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, a alta foi motivada pelo movimento externo, ainda motivado pelo temor causado pelo surto do coronavírus.
"Teve fluxo de saída. A ajuda do Copom ao real não é no curtíssimo prazo. E as moedas emergentes estão 'apanhando' hoje, e isso está sendo mais importante para o movimento local", disse Luis Laudisio, operador da Renascença.
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MERCADO INTERNACIONAL
Na Bolsa de Chicago, o dia terminou com os futuros da oleaginosa sendo negociados com estabilidade. Os preços subiram de 0,25 a 1 ponto nos principais vencimentos, com o março encerrando os negócios a US$ 8,81, o maio a US$ 8,94 e o julho a US$ 9,07 por bushel.