Soja: Com patamares de preços mais baixos, comercialização está travada no Brasil
Os negócios com a soja no mercado brasileiro estão bastante travados neste momento. A pressão exercida pelo dólar recentemente, que levou as referências a patamares bem mais baixos do que nas últimas semanas, esfriou os ânimos e deixou os vendedores ainda mais retraídos. Nesta quinta-feira (31), o cenário não foi diferente.
A moeda americana fechou o mês de outubro, segundo a agência de notícias Reuters, com a segunda maior queda do ano, apesar da alta consistente desta sessão. A divisa encerrou o dia com alta de 0,55% e valendo R$ 4,0091.
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Assim, a movimentação da comercialização no Brasil se mostra um pouco mais lenta, com os sojicultores aguardando por novos e melhores momentos de venda. E segundo analistas e consultores, estas oportunidades deverão chegar nos próximos meses, dadas as boas perspectivas de demanda, à continuidade da guerra comercial entre China e Estados Unidos e a uma oferta menor desta temporada.
Neste momento, porém, "o mercado está calmo e sem fôlego para negócios nesta semana, devido à grande diferença entre os interesses dos vendedores e das possibilidades dos compradores", explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.
Assim, os indicativos de preços permaneceram estáveis em praticamente todo o país, sem apresentar quaisquer variações.
A soja disponível encerrou o dia com os mesmos R$ 87,00 no porto de Paranaguá e com R$ 85,30 em Rio Grande. Para a safra nova, R$ 86,00 no porto paranaense e no gaúcho, também estáveis. No interior, destaque para praças do Paraná, onde as cotações cederam cerca de 0,67% para R$ 74,50 por saca.
Com valores sem mudança, as referências no interior ainda variam de R$ 71,00 a R$ 86,00, obedecendo as realidade de cada região, acompanhando ainda a movimentação do câmbio e do futuros na Bolsa de Chicago.
MERCADO INTERNACIONAL
E na CBOT, as cotações terminaram o dia com pequenas altas de 0,75 a 2 pontos nos principais contratos. O janeiro/20 ficou em US$ 9,32, enquanto o maio foi a US$ 9,57 por bushel. A inércia e o caminhar lateral dos preços continua no mercado internacional.
"Assim como estamos alertando há semanas, a especulação está sendo direcionada por política, não por fundamentos. A falta de novidades da Guerra Comercial desacelera o interesse de investimento de fundos de gestão ativa, principais responsáveis pela volatilidade nas commodities agrícolas", explicam os diretores da ARC Mercosul.
Depois do cancelamento do evento no Chile em que se encontrariam os presidentes Donald Trump e Xi Jinping para a provável assinatura da fase um do acordo firmado no início de novembro, tudo voltou a ficar meio suspenso. E a especulação é esta mesmo com o tweet de Trump de que o cancelamento não teria afetado o processo e que um novo local para o momento deverá ser informado nos próximos dias.
E as notícias que partem da demanda pela soja norte-americana, além de restritas, também não são fortes o suficiente para favorecer os futuros da commodity em Chicago.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de vendas para exportação nesta quinta com bons números para a soja, mas que ficaram dentro das expectativas do mercado. No caso do milho e do trigo, os dados também vieram em linha com as projeções.
As vendas semanais de soja foram de 943,6 mil toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre 500 mil e 1,1 milhão de toneladas. O volume é 99% maior do que o da semana anterior, mas 39% mais baixo do que a média das últimas quatro semanas. A China foi o principal destino da oleaginosa americana.
No acumulado da temporada, os EUA já comprometeram 19.271,3 milhões de toneladas de soja, contra pouco mais de 21,3 milhões do ano passado, nesse mesmo período. A estimativa do USDA para as exportações do ano comercial é de 48,31 milhões.