Soja: Prêmios mais altos no Brasil neutralizam dólar mais baixo e estabilidade em Chicago

Publicado em 24/10/2019 17:06

Apesar de toda a especulação sobre a demanda da China nos Estados Unidos, os preços da soja no mercado brasileiro seguem encontrando suporte nos prêmios melhores que têm sido observados nesta semana. Os negócios menos frequentes no Brasil em função de uma baixa do dólar e da pouca movimentação dos futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago dão espaço para uma recuperação dos valores nos porto dos país, indicando também que a demanda pelo produto nacional segue intensa. 

"A demanda chinesa pela soja brasileira continua firme e isso faz com que os prêmios voltam a subir e já temos registro para outubro de exportações superando 6 milhões de toneladas", diz o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. 

No link abaixo, confira a íntegra da entrevista de Luiz Fernando Gutierrez ao Notícias Agrícolas nesta quinta:

>> Prêmios da soja voltam a subir no Brasil com demanda chinesa aquecida. Só em outubro são 6 milhões de toneladas contratadas

Diante disso, os prêmios para a safra velha voltaram a se aproximar dos 100 pontos, como era observado há alguns meses, diante dessa demanda forte e do sojicultor agora segurando um pouco mais seus negócios, à espera de melhores valores pela saca de soja. 

Nesta quarta, a oleaginosa 2018/19 ainda conseguiu sustentar o patamar dos R$ 90,00 do lado dos vendedores, mesmo com a baixa do dólar que foi registradas mais cedo, justamente em função da melhora dos prêmios, como explicou o analista Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities. 

Na sequência, a moeda americana voltou a subir diante da evolução do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão no caso de condenação em segunda instância. Perto de 16h50 (horário de Brasília), a moeda americana tinha alta de 0,17% para voltar aos R$ 4,04, depois de bater nos R$ 4,00 no início do dia. 

MERCADO INTERNACIONAL

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam o dia com estabilidade e testando os dois lados da tabela com pequenas variações. O novembro/19 perdeu 0,50 ponto, para fechar com US$ 9,33, enquanto o maio/20 foi a US$ 9,68, subindo 0,25 ponto. 

Mesmo parecendo repetitivo, o mercado segue focado na falta de informações consistentes sobre o acordo parcial entre China e Estados Unidos e se mantém na defensiva. E assim, nem mesmo as especulações de que a China teria confirmado compras de US$ 20 bilhões em produtos agrícolas dos EUA animou o mercado. 

Como explica Tarso Veloso, diretor da ARC Mercosul, o mercado atua diante de 'manchetes de jornal', ainda esperando para entender o que vai acontecer. "E não temos como saber o que vai acontecer porque as negociações são políticas. É preciso saber o quanto será fechado, como será, e assim conseguimos entender como o mercado pode reagir", complementa. "É bom, mas é especulação", conclui. 

Leia mais:

>> Mercado reage sem entusiasmo à notícia de que a China pode comprar US$ 20 bi dos EUA

Além disso, os números das vendas semanais para exportação dos EUA reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta ficaram bem abaixo do esperado. 

Na semana encerrada em 17 de outubro, os EUA venderam somente 475,2 mil toneladas da oleaginosa da safra 2019/20, quando os traders esperavam algo entre 700 mil e 2 milhões de toneladas. 

O maior comprador da soja americana, na última semana, foi o Paquistão. O volume total é 70% menor do que o da semana anterior e 72% mais baixo se comparado à média das últimas quatro semanas. Na temporada, o país já tem 18.463,6 milhões de toneladas de soja comprometidas, contra mais de 20,9 milhões do ano passado, nesse mesmo período. 

Por outro lado, o USDA informou uma nova venda de soja para a China nesta quinta-feira (24). Foram 264 mil toneladas da safra 2019/20. Nesta quarta (23), o departamento já havia informado um outra compra de 128 mil toneladas para destinos não revelados. 

Tags:

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cima favorável nos EUA, demanda fraca pelo produto americano e rumores sobre retenciones na Argentina pressionam soja em Chicago
Preços da soja seguem recuando em Chicago nesta 3ª feira, acompanhando derivados
Soja: Mercado testa novas baixas expressivas em Chicago nesta 3ª, na esteira do trigo que perde mais de 2%
DATAGRO Grãos sinaliza 18º avanço consecutivo na área de soja do Brasil na safra 2024/25
Soja em Chicago rompe suporte importante dos US$10,30/bushel para Novembro, mas consegue finalizar acima desse patamar
Preços da soja fecham com mais de 1% de queda em Chicago nesta 2ª; atenção às retenciones na Argentina