USDA anuncia nova venda de soja para a China; Pequim fala em estoques 'abundantes'

Publicado em 15/10/2019 11:04
"Falar em abundância de estoques é, no mínimo, audacioso", diz o consultor Ênio Fernandes

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja para a China nesta terça-feira (15). Foram 142,579 mil toneladas e todo o volume refere-se à safra 2019/20. Todas as vendas feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volume igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento. 

CHINA - ESTOQUES E PRODUÇÃO

Uma nota divulgada pela agência estatal chinesa de notícias Xinhua, com informações oficiais do governo, afirma que o fornecimento de grãos, incluindo a soja, "está seguro na China, pois a capacidade de produção é grande e relativamnente forte, e os estoques são abundantes". 

Até 2020, a projeção é de que a área destinada à oleaginosa no país alcance os 9,3 milhões de hectares e, ainda de acordo com declarações do governo, continuam as medidas do governo para incentivar o plantio da soja. 

Assim, de acordo com Su Wei, funcionário da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma de Pequim, "à medida em que o mercado interno de grãos se tornar mais aberto, as empresas de capital estrangeiro ganharão presença mais ampla e profunda no mercado chinês de grãos".  

A nota na íntegra, original, em inglês, segue abaixo:

"Falar em abundância de estoques é, no mínimo, auduacioso. Segurança? Isso sim eles têm porque podem comprar dos Estados Unidos e os Estados Unidos têm estoques para atendê-los", explica o consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes. 

Ainda segundo eles, os chineses estão se mostrando, neste momento, bastante pragmáticos na comercialização de soja, principalmente depois do possível acordo firmado com os EUA, mesmo que parcialmente, na última semana. 

Afinal, "não temos (o Brasil) soja para vender agora e obrigatoriamente eles têm que comprar dos Estados Unidos. Sabíamos que ia faltar soja, e muitos analistas acertaram até a data, dizendo que seria depois de outubro", completa Fernandes. 

COMÉRCIO

O mercado global de soja tem estado muito atento aos recentes movimentos da nação asiática nos EUA. Na última sexta-feira (11), os dois países afirmaram ter chegado a um encontro parcial, porém, ainda sem grandes detalhes. E até que sejam conhecidos os pormenores, a insegurança dos traders continua. 

E embora a China veja o mercado norte-americano como importante alternativa neste momento - uma vez que a oferta brasileira quase já não existe para atendê-los, até que chegue a nova safra - o Brasil ainda marca bons números nas exportações. E os dados mostram, portanto, que a demanda chinesa esteve bastante presente no mercado nacional nas últimas semanas. 

De acordo com os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nas duas primeiras semanas de outubro o Brasil exportou 1,6 milhão de toneladas. No acumulado do ano, as vendas brasileiras já totalizam 66,4 milhões de toneladas. 

"Ou seja, já somos o maior exportador mundial e superando em muito o segundo colocado, os EUA, com menos de 50 milhões de toneladas acumuladas no ano todo", diz Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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