Soja sobe até R$ 2 no Brasil e bons negócios são fechados nesta 4ª com suporte do dólar

Publicado em 27/03/2019 17:30

Os preços da soja voltaram a recuar de forma expressiva nesta quarta-feira (27) na Bolsa de Chicago e registraram suas mínimas em quatro meses, segundo informa a Reuters Internacional. O contrato maio/19 perdeu o patamar dos US$ 9,00 por bushel e fechou e encerrou o dia cotado a US$ 8,88. 

Por outro lado, o dólar disparou frente ao real também nesta quarta, chegando a subir mais de 2,5% ao longo do dia, ultrapassando os R$ 3,96 nesta sessão, e os reflexos sobre a formação dos preços da soja no Brasil foram imediatos. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, as referências nos portos brasileiros chegaram a subir entre R$ 1,00 e R$ 2,00 por saca, dependendo do momento do mercado cambial. 

O movimento motivou alguns negócios no mercado brasileiro, que vê pouco espaço de recuperação dos preços via Bolsa de Chicago ou pelos prêmios, ao menos nesse momento. 

Ainda como explicou Brandalizze, bons negócios foram efetivados nesta quarta tamanha competitividade que um dólar se aproximando dos R$ 4,00 traz para a soja brasileira. "Enquanto isso, a soja americana vai ficando, o tempo passando", diz. E a cena se repete, inclusive, para negócios com a safra nova. 

As referências em Paranaguá, por exemplo, foram a R$ 79,50 para a soja disponível, com embarques previstos para abril/maio. Nos embarques um pouco mais longos, os preços chegaram a alcançar até R$ 81,00 por saca. Já na safra nova, embarques junho foram negociados até R$ 86,00. 

Essa disparada do dólar mudou, inclusive, o quadro do mercado brasileiro que vinha sendo observado nos últimos dias, com uma perda de ritmo das vendas. No entanto, o consultor orienta e alerta que esse comportamento do câmbio não define de uma tendência, uma vez que está pautado na política e, por isso, deve ainda se manter bastante volátil pelos próximos meses. 

Mercado Internacional

A pressão observada no pregão desta quarta em Chicago foi, segundo analistas e consultores, reflexo de uma conjunção de fatores. Entre eles, a atuação dos fundos é a mais forte. Especulando sobre os relatórios que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta sexta-feira (29), os fundos teriam intensificado suas vendas e ajudado a ampliar as baixas na CBOT. 

"Acreditam que os fundos e os especuladores se adiantando e vendendo antes dos relatórios desta sexta-feira do USDA. As previsões não mostram nada de positivo no clima para os produtores, só mais chuvas. E a demanda se mostra 'mais ou menos' nos EUA neste momento", explica o analista sênior da Price Futures Group, Jack Scoville ao Notícias Agrícolas.

O departamento chega com seu primeiro boletim com projeções oficiais de área para a safra 2019/20 e atualiza também os estoques trimestrais de grãos dos EUA. E a preocupação do mercado com os estoques - que são bastante elevados - se agravam entre os traders, uma vez que a demanda pela soja dos EUA permanece lenta com a guerra comercial com a China ainda em curso. 

Além disso, as negociações entre China e Estados Unidos também serão retomadas nesta semana, com uma delegação americana chegando a Pequim esta semana. As incertezas são muitas e para alguns especialistas internacionais um acordo entre as duas maiores economias do mundo não se firma nem mesmo até junho. E esse foi mais um fator de pressão sobre as cotações em Chicago. 

No link abaixo, veja íntegra da entrevista de Vlamir Brandalizze:

>> Soja: Disparada do dólar aumenta competitividade e Brasil fecha bons negócios nesta 4ª

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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