Soja: Fundos desencadeiam venda de posições e Chicago fecha com quase 10 pts de queda

Publicado em 11/02/2019 17:27

Os preços da soja cederam de forma considerável nesta segunda-feira (11) na Bolsa de Chicago, com as cotações terminando o dia com perdas de quase 10 pontos nos principais vencimentos. O março foi a US$ 9,05 e o maio/19 a US$ 9,19 por bushel. 

O mercado, mais uma vez, reage às preocupações com as relações entre China e Estados Unidos. Uma nova rodada de negociações e conversas foi iniciada nesta segunda-feira em Pequim, e no final da semana se junta ao time o secretário do Tesouro Nacional dos EUA, Steven Mnuchin. 

No entanto, apesar dessa nova reunião, as especulações são tão intensas quanto a falta de notícias concretas sobre o que está por vir entre as duas maiores economias do mundo. Neste cenário, os fundos iniciaram um movimento de venda de posições. 

"Fundos de investimento adicionaram vendas baseadas em patamares técnicos, enquanto que o “baixismo” proveniente do relatório do USDA de sexta-feira, se perdurou neste início de semana. Uma nova rodada de negociações entre EUA e China já se iniciaram em solo asiático. Entretanto, a falta de novidades do conflito comercial deixou a especulação sem qualquer capacidade de entrada no mercado", explicam os analistas da ARC Mercosul.

O mercado se mantém atento ainda à conclusão da nova safra da América do Sul e as condiçõe de clima em que se desenvolvem. 

Os embarques semanais de soja norte-americanos reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também não contribuíram, uma vez que ficaram dentro do esperado pelos traders. Na semana encerrada em 2 de julho, os EUA embarcaram 1.063,973 milhão de toneladas, contra expectativas que variavam de 1.007 e 1.170,28 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, o total ainda é bem menor do que a do ano anterior, com 22.628,512 milhões de toneladas. Há um ano, o volume passava de 36 milhões. 

Preços no Brasil

No Brasil, as mudanaças foram tímidas nos preços da soja e, nos portos, nem mesmo foram registradas de forma substancial nesta segunda-feira. O mesmo acontece com o ritmo da comercialização. 

No porto de Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 76,50 e o março/19 com US$ 77,50, estáveis as duas referências. Em Rio Grande, R$ 75,00 no spot e R$ 75,50 para o mês seguinte, também terminando o dia com estabilidade. 

O que ajudou a manter os preços nos atuais patamares mesmo diante da baixa do dólar foi o dólar que, nesta primeira sessão da semana, fechou o dia em campo positivo. A moeda americana subiu 0,77% para R$ 3,7629. Essa foi a quarta alta sucessiva da divisa. 

Uma maior aversão ao risco no exterior provocou essa fuga dos investidores para o dólar e alta da moeda. 

"As (moedas) emergentes sempre sofrem um pouco mais quando o dólar se valoriza perante moedas europeias principalmente e foi o que aconteceu", afirmou o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini. 

Leia mais:

>> Dólar avança ante real e fecha a R$3,76 com aversão a risco no exterior

Comentário da ARC Mercosul

Por Cristiano Palavro

Chineses e americanos estão reunidos em solo asiático em busca de rápidos avanços nas negociações de um acordo comercial. 02 de março é a data que marca o fim da “trégua” talhada por Trump e Xi Jinping no final de 2018, e caso o progresso seja insuficiente, as tarifas sobre os produtos de ambos os países poderão ser elevadas.

O começo da semana registrou movimento amplo de queda nas cotações futuras das commodities em geral, puxados também pela forte valorização do dólar norte-americano frente as moedas estrangeiras, inclusive o Real. 
Em meio ao avanço da colheita no Brasil e diante de uma significativa melhoria nas condições climáticas da América do Sul como um todo, os altos estoques seguem pressionando os preços da soja negativamente, aguardando o desenrolar do longo embate entre China e EUA.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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