Preços da soja sobem no Brasil nesta 4ª feira, mas negócios ainda seguem travados

Publicado em 23/01/2019 16:42

Nesta quarta-feira (23), os preços da soja voltaram a subir no mercado brasileiro, dessa vez, acompanhando os ganhos observados na Bolsa de Chicago. As cotações trabalharam o dia todo em campo positivo, buscando garantir patamares importantes no cenário internacional. 

As altas chegaram a bater em até 3,17%, como foi o caso de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul, onde a saca encerrou o dia com referência nos R$ 65,00. Nas praças de comercialização do Rio Grande do Sul e Paraná, os ganhos variaram entre 0,74% e 2,05%, com cotações de R$ 68,50 e R$ 75,50 por saca. 

No entanto, as altas não foram generalizadas e algumas praças de Mato Grosso viram os preços cederem, como foi o caso de Itiquira e Alto Garças, com perdas de mais de 1% e preços na casa dos R$ 60,00 a R$ 64,00. Em Sorriso, estável, o último indicativo ficou em R$ 59,00. 

No porto de Paranaguá, a soja fechou os negócios com alta de 0,395 no disponível, para R$ 76,30 por saca, enquanto a referência março perdeu 1,29% para R$ 76,50. 

O que limitou as altas no Brasil - ou promoveu algumas baixas, mesmo sendo bem localizadas - foi a queda do dólar. Depois de seis sessões consecutivas de alta, a moeda americana recuou e terminou a quarta-feira com perda de 1,11%, valendo R$ 3,7633. 

Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, as declarações do ministro da economia, Paulo Guedes, sobre a reforma da Previdência foram bem recebidas pelo mercado financeiro e ajudaram no movimento de recuo do câmbio. 

Analistas e consultores continuam relatando o lento ritmo da comercialização no mercado brasileiro, com os compradores neste momento retraídos diante da chegada da nova oferta da América do Sul - e a colheita a pleno vapor acontecendo no Brasil - e, de outro lado, os vendedores também evitando novos negócios. 

"O mercado brasileiro da soja continua mostrando muita especulação sobre as perdas causadas pela seca e, com isso, não mostra vendedores, que esperam níveis maiores de valores nos portos", explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam o pregão com altas de pouco mais de 6 pontos entre os principais vencimentos, com o o março/19 fechando o dia com US$ 9,15 e o maio/19, US$ 9,29. 

O mercado recupera parte das pequenas baixas registradas na sessão anterior, com o mercado ainda sofrendo com a falta de dados e de direção. No entanto, os traders reconhecem que se trata de uma recuperação técnica e ainda frágil, uma vez que os preços não contam com subsídio para garantir um avanço consistente. 

"A questão não resolvida entre China e Estados Unidos continua sendo um fator de pressão e confusão no mercado de grãos", diz o analista sênior do portal Farm Futures, Bryce Knorr. 

Ontem, o Financial Times informou que os EUA teriam recusado uma reunião com a China pré-encontro marcado dos dois países entre os dias 30 e 31 próximos e a atitude acabou assustando o mercado. Da mesma forma, os traders continuam especulando sobre como caminham as compras da nação asiática no mercado norte-americano, porém, ainda sem confirmações oficiais dada a paralisação do governo de Donald Trump que hoje entra em 33º dia. 

No entanto, como explica o diretor da Cerealpar, Steve Cachia, "comentários de que os EUA estavam rejeitando as propostas da China chegaram a pressionar, mas a quebra de safra no Brasil e Argentina e rumores que a China pode comprar mais soja dos EUA impedem quedas maiores. Em todo caso, continua muito claro que a direção do mercado em Chicago vai depender muito mais do desfecho da guerra comercial EUA/China do que da safra da América do Sul".

Comentário de Mercado da ARC Mercosul

Por Cristiano Palavro

O mercado segue altamente sensível aos desdobramentos da Guerra Comercial. A sessão de ontem da CBOT foi uma prova clara disso, quando em poucos minutos o mercado despencou diante de rumores de endurecimento na relação entre os dois países.

Em meio a falta de informações causada pela longa paralisação do governo norte-americano, resta pouco a especulação além do clima na América do Sul e a relação China-EUA.

Na semana que vem, um novo episódio de negociações é ansiosamente aguardado, e qualquer posicionamento posterior será rapidamente precificado. Por aqui no Brasil o que preocupa é a continuidade do padrão seco e quente em grande parte do país, que vem tirando o sono dos produtores, já apreensivos também com o mercado pouco favorável neste momento.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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