Soja: Falta de informação pressiona e mercado em Chicago fecha a 4ª feira com mais de 1,5% de baixa

Publicado em 26/12/2018 16:43

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o pregão desta quarta-feira (26) com baixas de mais de 1,5% entre os contratos mais negociados. O mercado operou apenas com meio período nesta volta do feriado de Natal, iniciou o dia atuando com estabilidade, porém, passou para o campo negativo e foi intensificando suas baixas ao longo do dia. 

Segundo explicou o consultor internacional Britt O'Connell, da Commodity Risk Management Group, a falta de novas notícias continua e, com isso, o mercado segue recuando. 

"O que parece é que, de fato, o rally recente que presenciamos na soja foi um típico movimento de comprar o boato e vender o fato. Além disso, continuamos a observar os spreads entre a soja e o milho na medida em que nos aproximamos do início do próximo ano" diz o executivo ao portal Agriculture.com. 

Nesse quadro, os preços da soja perderam, portanto, mais de 12 pontos, com o janeiro fechando nos US$ 8,70 por bushel e o maio perdendo o patamar dos US$ 9,00, terminando o dia com US$ 8,96 por bushel. 

O'Connell diz ainda que o mercado se mostra atento também ao desenvolvimento da nova safra da América do Sul e que acredita que as cotações irão responder melhor a este fundamento na medida em que a colheita ganhar mais força e os primeiros números consistentes de produtividade forem conhecidos.

No Brasil, muitos estados produtores passam por adversidades climáticas e as perdas, apesar de ainda não terem sido contabilizadas, são expressivas em locais chave na produção de soja, como o Paraná, por exemplo. Essa situação, porém, ainda não chegou aos preços. 

Relatos de produtores, no entanto, falam em perdas de potencial produtivo também no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo por conta do calor excessivo e da falta de chuvas. No Rio Grande do Sul, por outro lado, as preocupações estão relacionadas ao excesso de umidade, com muitos replantios sendo necessários e alguns campos alagados. 

Produtores do Paraguai também relatam perdas severas e alguns acreditam que a safra do país vá sofrer uma baixa de 40% a 50% em decorrência da seca. 

Além disso, uma paralisação de setores do governo federal norte-americano ajuda a tirar ainda mais a direção dos preços em Chicago, como explicam analistas internacionais. Trata-se do quinto dia de paralisação e o movimento deve se manter, pelo menos, até quinta-feira, quando o Senado retoma suas atividades. 

E nesta quarta, complementando os fatores de pressão sobre as cotações, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda trouxe números mais baixos do que os da semana anterior dos embarques de soja do país. 

Na semana encerrada em 20 de dezembro, os EUA  embarcaram 651,181 mil toneladas de soja, contra mais de 980 mil da semana anterior. Em todo o ano comercial, os embarques americanos de soja já somam 15.821,876 milhões de toneladas, bem abaixo do ano anterior, quando eram mais de 27 milhões de toneladas embarcadas nessa época. 

Diante desse quadro, nem mesmo a disparada dos preços do petróleo em Londres e Nova York não motivaram uma recuperação da oleaginosa ou ao menos uma limitação das baixas em Chicago. 

No Brasil

No mercado brasileiro, os negócios estão praticamente parados. Nesta quartas, os preços tanto no interior, quanto nos portos do país permaneceram estáveis em relação ao último dia 23 ou já não contam mais com referências. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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