China sinaliza possibilidade da volta de compras de soja nos EUA

Publicado em 05/12/2018 14:52

As especulações sobre os próximos movimentos de China e Estados Unidos após a trégua anunciada após a reunião do G20 se intensificam e a mais recente é de que os chineses já estariam se preparando para comprar soja, milho, trigo e gás natural dos americanos. As informações partem de agências internacionais de notícias e falam em compras, antes do final deste ano, de 12 milhões de toneladas de milho, 7 milhões de toneladas de trigo e 8 milhões de toneladas de soja. 

Segundo analistas, esse é o primeiro sinal de que a China irá cumprir um de seus pontos da trégua e voltar a comprar "imediatamente", como dizia o comunicado de Pequim, produtos agrícolas norte-americanos. 

De acordo com informações da Bloomberg, membros do governo da China já teriam instruído sua equipe a tomar as medidas necessárias para que as compras fossem feitas. No entanto, ainda não se sabe se uma dessas medidas é a retirada das tarifas da nação asiática sobre os produtos norte-americanos ou quando essas compras poderiam, de fato, acontecer. 

Como explicou o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa, ainda não há informações e tampouco confirmações de que a China já teria feito a retirada dessas tarifas e, com elas, ainda não é vantajoso para que volte a comprar nos Estados Unidos. "Os chineses não oficializaram e e os traders não confirmam, até porque se isso fosse divulgado, Chicago subiria de 50 a 60 centavos no dia", diz. 

No entanto, explica que o que poderia acontecer seria o governo chinês vindo às compras - já que não pagam a tarifação - o que também não constrói uma vantagem para as empresas privadas. Ao mesmo tempo, na medida em que a nova safra da América do Sul se aproxima a dos Estados Unidos acaba se tornando menos competitiva. 

E como completa Sousa, os prêmios aqui no Brasil também vêm cedendo e, com os atuais patamares e as tarifas mantidas da China sobre os EUA, o país asiático não vai comprar no mercado norte-americano. Posições de entrega como a de janeiro têm 90 cents de dólar acima dos valores de Chicago, fevereiro com 60 cents e março com 48. "Com esses prêmios, a China não vai comprar nos EUA enquanto estiverem valendo as tarifas", explica. 

Expectativas nos EUA

Entre os produtores norte-americanos, as expectativas ainda são baixas. Sofrendo com uma comercialização lenta desde o início da guerra comercial, os agricultores evitam novos negócios neste momento, principalmente porque ainda não vêm efetivada a retirada das taxações.

Cálculos feitos pelo portal Farm Futures mostram que a margem de lucro para o processamento de uma tonelada de soja americana na China é de cerca de US$ 13, considerando somente os futuros da commodity, taxas de câmbio e impostos, sem contar frete, seguro ou outras despesas. 

"Eu vejo pouco incentivo para os esmagadores comerciais chineses comprarem soja norte-americana agora, a menos que a tarifa de 25% seja retirada, ou os agricultores dos EUA reduzam os preços ainda mais", disse a analista da Shanghai JC Intelligence Co., Monica Tu ao Farm Futures. 

Dessa forma, para alguns agricultores ainda é prematuro celebrar esses primeiros dias pós trégua, uma vez que os detalhes do que será efetivamente implementado ainda não são conhecidos. 

Leia ainda:

>> Soja: Dificuldade de armazenagem e de venda nos EUA pesam sobre preços

Com informações da Bloomberg e do Farm Futures

Chinesa Unipec comprará petróleo dos EUA após trégua comercial

PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - A trading de petróleo chinesa Unipec planeja retomar as compras de óleo norte-americano para a China até março, depois que o acordo entre os presidentes dos dois países durante a cúpula do G20 reduziu o risco do estabelecimento de tarifas sobre essas importações, disseram três fontes com conhecimento do assunto.

As fontes disseram à Reuters que a Unipec --o braço comercial da refinaria Sinopec-- quer importar petróleo dos Estados Unidos até 1º de março, que marca o fim do período de negociações de 90 dias, estabelecido pelos líderes das duas maiores economias do mundo.

As importações de óleo norte-americano pela China foram interrompidas em outubro, com o aprofundamento da guerra comercial.

"Os compradores chineses que querem adquirir petróleo dos EUA vão correr para importar o óleo durante a janela (de negociação)", disse um executivo-sênior da Sinopec, acrescentando que a commodity tem que chegar antes do dia 1º de março.

"Os preços estão baixos, então faz sentido economicamente estocar algum petróleo em estoques comerciais", disse o executivo, que pediu para não ser nomeado.

A Sinopec disse que tem uma política de não comentar sobre acordos comerciais específicos. A Unipec não respondeu a uma solicitação por e-mail.

Efeito de tarifas se espalha nos EUA e crescimento de renda acelera, diz Fed

O relatório do Livro Bege, do banco central dos EUA, um retrato da economia produzido a partir de discussões com contatos corporativos nos 12 distritos do Fed nas semanas até 26 de novembro, também diz que a economia parece estar crescendo a um ritmo modesto a moderado. Os mercados de trabalho ficaram mais apertados em diversos setores e o crescimento dos salários "tende ao lado mais alto de um ritmo modesto a moderado".

O dólar manteve leves ganhos depois da publicação do relatório.

Há ampla expectativa de que o Fed vai elevar as taxas de juros ao final de seu encontro de política monetária nos dias 18 e 19 de dezembro. Membros votantes disseram que a forte economia dos Estados Unidos pode provocar inflação mais alta se eles não elevarem os juros adicionalmente.

Ao mesmo tempo, o chairman do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o ciclo de aperto do Fed nos últimos três anos está chegando ao fim, que banqueiros centrais estão buscando por sinais de uma desaceleração no crescimento global e que uma guerra comercial entre os EUA e a China podem pesar sobre a economia dos EUA.

"Relatos de aumentos de custos induzidos por tarifas se disseminaram mais amplamente de fabricantes e empreiteiras a varejistas e restaurantes", disse o Fed nesta quarta-feira.

Relatórios do Livro Bege recentes detalharam preocupações corporativas sobre tarifas em alta, incluindo relatos de fábricas dos EUA que estavam aumentando os preços porque as tarifas encareciam insumos.

O presidente Donald Trump aplicou tarifas sobre centenas de importações chinesas, provocando retaliação contra exportações dos Estados Unidos.

O Fed disse que a renda e as condições no setor agrícola, que suportou a maior parte das tarifas retaliatórias chinesas, estavam "mistos", atingidos por tarifas e chuvas em excesso.

A instituição disse que, em compensação, o gasto dos consumidores continuou firme.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja fecha no vermelho em Chicago nesta 2ª feira, com pressão ainda vinda dos fundamentos e dólar
Sim! Há demanda para toda a soja que o mundo está produzindo na safra 2024/25
Soja segue operando com estabilidade em Chicago nesta 2ª, mas passa para o campo negativo
Soja/Cepea: Clima favorável reforça perspectiva de maior oferta, e preço cai
Aprosoja MT apresenta sugestões ao Governo de MT para regulamentação da Lei da Moratória da Soja
Soja sobe levemente na Bolsa de Chicago nesta 2ª feira, acompanhando altas entre os derivados
undefined