China sinaliza possibilidade da volta de compras de soja nos EUA
As especulações sobre os próximos movimentos de China e Estados Unidos após a trégua anunciada após a reunião do G20 se intensificam e a mais recente é de que os chineses já estariam se preparando para comprar soja, milho, trigo e gás natural dos americanos. As informações partem de agências internacionais de notícias e falam em compras, antes do final deste ano, de 12 milhões de toneladas de milho, 7 milhões de toneladas de trigo e 8 milhões de toneladas de soja.
Segundo analistas, esse é o primeiro sinal de que a China irá cumprir um de seus pontos da trégua e voltar a comprar "imediatamente", como dizia o comunicado de Pequim, produtos agrícolas norte-americanos.
De acordo com informações da Bloomberg, membros do governo da China já teriam instruído sua equipe a tomar as medidas necessárias para que as compras fossem feitas. No entanto, ainda não se sabe se uma dessas medidas é a retirada das tarifas da nação asiática sobre os produtos norte-americanos ou quando essas compras poderiam, de fato, acontecer.
Como explicou o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa, ainda não há informações e tampouco confirmações de que a China já teria feito a retirada dessas tarifas e, com elas, ainda não é vantajoso para que volte a comprar nos Estados Unidos. "Os chineses não oficializaram e e os traders não confirmam, até porque se isso fosse divulgado, Chicago subiria de 50 a 60 centavos no dia", diz.
No entanto, explica que o que poderia acontecer seria o governo chinês vindo às compras - já que não pagam a tarifação - o que também não constrói uma vantagem para as empresas privadas. Ao mesmo tempo, na medida em que a nova safra da América do Sul se aproxima a dos Estados Unidos acaba se tornando menos competitiva.
E como completa Sousa, os prêmios aqui no Brasil também vêm cedendo e, com os atuais patamares e as tarifas mantidas da China sobre os EUA, o país asiático não vai comprar no mercado norte-americano. Posições de entrega como a de janeiro têm 90 cents de dólar acima dos valores de Chicago, fevereiro com 60 cents e março com 48. "Com esses prêmios, a China não vai comprar nos EUA enquanto estiverem valendo as tarifas", explica.
Expectativas nos EUA
Entre os produtores norte-americanos, as expectativas ainda são baixas. Sofrendo com uma comercialização lenta desde o início da guerra comercial, os agricultores evitam novos negócios neste momento, principalmente porque ainda não vêm efetivada a retirada das taxações.
Cálculos feitos pelo portal Farm Futures mostram que a margem de lucro para o processamento de uma tonelada de soja americana na China é de cerca de US$ 13, considerando somente os futuros da commodity, taxas de câmbio e impostos, sem contar frete, seguro ou outras despesas.
"Eu vejo pouco incentivo para os esmagadores comerciais chineses comprarem soja norte-americana agora, a menos que a tarifa de 25% seja retirada, ou os agricultores dos EUA reduzam os preços ainda mais", disse a analista da Shanghai JC Intelligence Co., Monica Tu ao Farm Futures.
Dessa forma, para alguns agricultores ainda é prematuro celebrar esses primeiros dias pós trégua, uma vez que os detalhes do que será efetivamente implementado ainda não são conhecidos.
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Com informações da Bloomberg e do Farm Futures
Chinesa Unipec comprará petróleo dos EUA após trégua comercial
PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - A trading de petróleo chinesa Unipec planeja retomar as compras de óleo norte-americano para a China até março, depois que o acordo entre os presidentes dos dois países durante a cúpula do G20 reduziu o risco do estabelecimento de tarifas sobre essas importações, disseram três fontes com conhecimento do assunto.
As fontes disseram à Reuters que a Unipec --o braço comercial da refinaria Sinopec-- quer importar petróleo dos Estados Unidos até 1º de março, que marca o fim do período de negociações de 90 dias, estabelecido pelos líderes das duas maiores economias do mundo.
As importações de óleo norte-americano pela China foram interrompidas em outubro, com o aprofundamento da guerra comercial.
"Os compradores chineses que querem adquirir petróleo dos EUA vão correr para importar o óleo durante a janela (de negociação)", disse um executivo-sênior da Sinopec, acrescentando que a commodity tem que chegar antes do dia 1º de março.
"Os preços estão baixos, então faz sentido economicamente estocar algum petróleo em estoques comerciais", disse o executivo, que pediu para não ser nomeado.
A Sinopec disse que tem uma política de não comentar sobre acordos comerciais específicos. A Unipec não respondeu a uma solicitação por e-mail.
Efeito de tarifas se espalha nos EUA e crescimento de renda acelera, diz Fed
O relatório do Livro Bege, do banco central dos EUA, um retrato da economia produzido a partir de discussões com contatos corporativos nos 12 distritos do Fed nas semanas até 26 de novembro, também diz que a economia parece estar crescendo a um ritmo modesto a moderado. Os mercados de trabalho ficaram mais apertados em diversos setores e o crescimento dos salários "tende ao lado mais alto de um ritmo modesto a moderado".
O dólar manteve leves ganhos depois da publicação do relatório.
Há ampla expectativa de que o Fed vai elevar as taxas de juros ao final de seu encontro de política monetária nos dias 18 e 19 de dezembro. Membros votantes disseram que a forte economia dos Estados Unidos pode provocar inflação mais alta se eles não elevarem os juros adicionalmente.
Ao mesmo tempo, o chairman do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o ciclo de aperto do Fed nos últimos três anos está chegando ao fim, que banqueiros centrais estão buscando por sinais de uma desaceleração no crescimento global e que uma guerra comercial entre os EUA e a China podem pesar sobre a economia dos EUA.
"Relatos de aumentos de custos induzidos por tarifas se disseminaram mais amplamente de fabricantes e empreiteiras a varejistas e restaurantes", disse o Fed nesta quarta-feira.
Relatórios do Livro Bege recentes detalharam preocupações corporativas sobre tarifas em alta, incluindo relatos de fábricas dos EUA que estavam aumentando os preços porque as tarifas encareciam insumos.
O presidente Donald Trump aplicou tarifas sobre centenas de importações chinesas, provocando retaliação contra exportações dos Estados Unidos.
O Fed disse que a renda e as condições no setor agrícola, que suportou a maior parte das tarifas retaliatórias chinesas, estavam "mistos", atingidos por tarifas e chuvas em excesso.
A instituição disse que, em compensação, o gasto dos consumidores continuou firme.