Soja fecha em alta na CBOT com força da demanda, mas dólar pressiona cotações no Brasil

Publicado em 27/09/2018 16:43

Os preços da soja formados no Brasil sentiram a pressão da queda do dólar nesta quinta-feira (27) e fecharam em baixa em quase todo o país. O cenário eleitoral 'menos assustador' parece ter sido combustível para um correção nas últimas altas da moeda americana, que voltou a operar abaixo dos R$ 4,00. 

"Está tendo fluxo...e uma reversão dos fundos, que estão voltando a comprar Brasil", explicou o presidente da correspondente cambial Remessa Online, Fernando Pavani à agência de notícias Reuters.

Assim, no interior brasileiro foram observadas baixas de até 5,92%, como foi o caso do Oeste da Bahia, onde a saca de soja fechou o dia cotada a R$ 71,50 por saca. Em pontos onde as cotações ficaram positivas - como Rondonópolis, Primavera do Leste e Alto Garças, em Mato Grosso - os preços foram fechados quando o dólar ainda vinha operando acima dos R$ 4,00, segundo explicaram especialistas locais. 

Nos portos, os preços permaneceram praticamente estáveis nesta quinta, especialmente em Paranaguá. No terminal paranaense, a soja disponível manteve os R$ 96,00 e para março/19, R$ 87,00 por saca. 

Em Rio Grande, alta de 0,53% no disponível, com R$ 94,50 por saca, e baixa de 0,52% para a referência outubro, que fechou o dia com R$ 96,50. 

O mercado sentiu a pressão do dólar em baixa nesta quinta-feira, porém, por outro lado se apoiou nas altas registradas em Chicago - de pouco mais de 5 pontos entre os principais contratos - e nos prêmios ainda consistentes que vêm sendo pagos pela soja brasileira. 

Nesse ambiente, os negócios com a oleaginosa acabam se mostrando um pouco mais tímidos, uma vez que há já mais de 90% da safra velha comercializada, alguma reticência dos produtores em venderem a safra nova nos atuais patamares de preços - apesar da recente melhora - e um foco maior nos trabalhos de campo aqui no Brasil. 

Os sojicultores seguem muito atentos ao clima, que ainda não traz condições favoráveis de forma regular para todo o país - em Lucas do Rio Verde/MT, por exemplo, o plantio foi paralisado em função da falta de chuvas - e também à logística dos insumos. 

Há regiões produtoras que ainda não receberam seus insumos e o quadro preocupa. Complementando as preocupações, a questão do tabelamento dos fretes que ainda vigora e compromete tanto a chegada dos insumos, quanto o escoamento da safra. 

A safra 2018/19 começa no Brasil sendo rondada por uma série de incertezas. 

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam a sessão com altas de 5 a 5,50 ponto nas posições mais negociadas. O novembro/18 ficou nos US$ 8,55 por bushel, enquanto o março/19 foi a US$ 8,82, sendo este o contrato de referência para a safra brasileira. 

O mercado foi motivado, mais uma vez, pela boa demanda pela soja norte-americana. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de vendas para exportação nesta quinta-feira e, mais uma vez, apresentou bons números para a soja, mesmo dentro das expectativas. No milho e no trigo, os dados vieram ainda mais fortes, superando o intervalo esperado pelo mercado. 

Na semana encerrada em 20 de setembro, os EUA venderam 870,7 mil toneladas de soja da safra 2018/19, enquanto o mercado esperava algo entre 600 mil e 1 milhão de toneladas. A maior parte foi adquirida por destinos não revelados. 

Com esse volume, o total já comprometido pelo país da oleaginosa chega a 18.803,1 milhões de toneladas, contra mais de 22 milhões do ano passado, nessa mesma época. O USDA estima que as vendas americanas somem nesta temporada 56,07 milhões de toneladas. 

O departamento informou ainda a venda de 1,5 mil toneladas de soja 2019/20 para o Japão. 

Ademais, o mercado se ajusta antes do novo boletim de estoques trimestrais que o USDA reporta nesta sexta-feira. 

E as expectativas, em linhas gerais, apontam, para maiores estoques de soja em relação aos do ano passado e em números menores para o milho. 

A consultoria internacional Allendale estima que, no caso da oleaginosa, o aumento em relação a setembro de 2017 seja de 33% - alcançando uma média de 10,19 milhões de toneladas - enquanto os de milho podem ser 12% menores do que os do ano passado, com 54,7 milhões de toneladas. 

Há um ano, os estoques trimestrais de soja dos EUA eram de 8,22 milhões de toneladas e os de milho de 58,25 milhões. 

Já para a DowJones Newswire, o intervalo esperado para a oleaginosa é de 10,48 a 11,1 milhões de toneladas, com média de 10,72 milhões. 

Leia mais:

>> USDA: Confirmadas expectativas para estoques de soja nos EUA podem indicar consumo recorde

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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