Soja disponível em Paranaguá fecha o dia em R$ 99/saca refletindo prêmios fortes e nova alta do dólar

Publicado em 11/09/2018 18:01

Os preços da soja fecharam o pregão desta terça-feira (11) com baixas de mais de 10 pontos entre as principais posições na Bolsa de Chicago, ainda assim, as referências nos portos do Brasil terminaram o dia com altas de mais de 1% e o disponível alcançando os R$ 99,00 por saca em Paranaguá. 

"São os melhores preços da temporada para a soja disponível", diz Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting. O ganho para o indicativo foi de 1,02% somente nesta terça. 

Ainda no terminal paranaense, a referência para fevereiro de 2019 foi a R$ 87,00, com alta ade 1,16%. Já no porto de Rio Grande, 1,09% de ganho no spot para R$ 93,00 e de 1,08% para outubro, que ficou em R$ 93,50 por saca. 

No interior do Brasil os preços também subiram e os avanços chegaram a 8,11%, como foi o caso de São Gabriel do Oeste, Mato Grosso do Sul, onde a última referência foi, nesta terça-feira, de R$ 80,00 por saca. Em Castro, no Paraná, a cotação já chega aos R$ 94,50 e subiu 2,72%. 

O mercado brasileiro continua reagindo à combinação de altas fortes no dólar e nos prêmios. Nesse último caso, as principais posições de entrega apresentaram altas de 2,50% a 9,09%, com os valores variando de US$ 1,20 - para fevereiro do ano que vem - a US$ 2,40 para novembro sobre os preços praticados na Bolsa de Chicago. 

No mercado cambial, a moeda americana fechou com alta de 1,47% e valendo R$ 4,1539. Segundo especialistas ouvidos pelo G1 há, pelo menos, seis fatores que têm influenciado nessa movimentação do dólar neste momento: indefinição eleitoral gera corrida por dólares; guerra comercial afeta os emergentes; alta do juros nos EUA fortalece o dólar; crise das moedas emergentes afeta o Brasil; fraqueza da economia contamina os mercados e investidores aproveitam incerteza para especular. 

Bolsa de Chicago

O mercado internacional, segundo explicam analistas e consultores, se ajustam antes da divulgação do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que será reportado nesta quarta (12). As principais posições fecharam o pregão caindo mais de 13 pontos, com o novembro/18 - referência para o mercado - valendo US$ 8,31 por bushel. 

E as expectativas dos traders deverão ser números baixistas para os preços, com correções para cima da nova safra dos Estados Unidos. 

Os dados de produtividade deverão ser recordes, ainda de acordo com as expectativas, e os estoques finais 2018/19 também deverão ser revisados para cima, e confirmando-se esse quadro, uma nova pressão sobre as cotações é esperada. 

"Hoje é véspera do relatório USDA de oferta e demanda mundial e, provavelmente, veremos alguns ajustes de posições e talvez proteção contra números possivelmente baixistas", diz o diretor da Cerealpar, Steve Cachia.
 
Os preços sentem também o peso de um cancelamento de vendas de 129 mil toneladas de soja dos EUA para destinos não revelados. A atividade foi informada nesta terça pelo USDA e deu mais força às baixas. 

Além do cancelamento, a alta forte do dólar frente ao real também é outro fator de pressão. Perto de 12h50 (Brasília), a moeda americana era cotada a R$ 4,16, com alta de 1,73%. Mais cedo, a divisa subia mais de 2% e o foco dos participantes do mercado segue mantido sobre a corrida presidencial no Brasil. 

Ademais, o mercado segue atento ainda às negociações comerciais em torno da disputa EUA x China e do Nafta, além da pressão da colheita que se inicia, ainda de forma tímida, no Corn Belt. Sendo esse último fator, porém, ainda de pouca influência expressiva sobre as cotações. 

"O início da colheita nos Estados Unidos traz alguns relatos de produtividades, porém nada em área significante. Os primeiros talhões colhidos possuem números abaixo do esperado, porém são regiões que sofreram com estiagens de junho e início de julho", diz o boletim diário da AgResource Mercosul (ARC).

Estoque de soja do Brasil tem mínima histórica com exportações recordes

Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá fechar a temporada 2017/18 com exportações recordes de soja, impulsionadas pela demanda da China, o que reduzirá os estoques finais da oleaginosa do país para o menor volume da história, previu a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira.

A Conab ainda reduziu a previsão de consumo de soja no país e destacou que o Brasil, maior exportador global da oleaginosa, pode ter de importar volumes adicionais do produto para suprir a demanda interna.

Os estoques finais de soja do Brasil em 2017/18 foram estimados em 434 mil toneladas, ante estimativa em agosto de 638 mil toneladas. O volume estimado agora é menor que a mínima anterior verificada na safra 2011/12 (448 mil toneladas), disse a Conab à Reuters.

A redução nos estoques foi feita apesar de um aumento na expectativa de produção de soja para um recorde de 119,3 milhões de toneladas, na colheita já encerrada, e com expectativa de exportações históricas de 76 milhões de toneladas, cerca de 8 milhões acima da temporada passada.

O aumento da safra, no entanto, mostra-se incapaz de acompanhar o apetite da China, após o maior importador global voltar-se para o Brasil depois de aplicar uma tarifa retaliatória de 25 por cento para compras do produto dos Estados Unidos em meados deste ano.

A Conab destacou que somente em agosto as exportações de soja do Brasil cresceram mais de 40 por cento, "devido à guerra comercial entre China e Estados Unidos".

"As altas exportações brasileiras de grãos, incentivadas pelo dólar e prêmios de portos elevados, mas principalmente pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, reduziram a estimativa brasileira de esmagamento", afirmou a Conab.

"Mesmo com preços de farelo e óleo de soja no mercado internacional em alta, o Brasil deve continuar a exportar soja em grão, como forma de suprir o consumo dos chineses. Todavia, há uma chance remota do país começar a importar soja para suprir a demanda interna", acrescentou a agência brasileira.

A Conab manteve a previsão de importação de 400 mil toneladas de soja para 2017/18 --a expectativa supera em 100 mil toneladas o total importado na temporada passada. O Brasil costuma importar volumes de seus vizinhos, especialmente do Paraguai.

O consumo de soja do Brasil foi estimado em 45,5 milhões de toneladas, ante 47 milhões de toneladas na previsão de agosto --a maior parte desse consumo se refere a processamento de soja, e o restante diz respeito ao uso do grão como semente.

Na temporada passada, o consumo de soja havia somado 45,6 milhões de toneladas, segundo a Conab.

O economista da associação da indústria de soja, a Abiove, Daniel Amaral, afirmou que os números da Conab estão alinhados com os da entidade. A associação estima o processamento em 43,6 milhões de toneladas, enquanto o uso para sementes em 3,2 milhões de toneladas.

Ele ressaltou que os volumes de importação previstos pela Abiove também são "residuais", assim como aponta a Conab, e disse acreditar que o Brasil será capaz de atender toda a demanda interna --com as compras externas se mantendo baixas-- para a produção de farelo de soja para a indústria de ração e óleo para cozinha e utilizado também na indústria de biodiesel.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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