Soja cede mais de 15 pts em Chicago com pressão da nova safra dos EUA; preços se mantêm no BR

Publicado em 28/08/2018 18:02

As perspectivas de uma safra recorde chegando dos Estados Unidos na temporada 2018/19 seguem pressionando o mercado da soja na Bolsa de Chicago e, no pregão desta terça-feira (28), os futuros da commodity encerraram o dia perdendo mais de 15 pontos entre os principais vencimentos. A referência do mercado - novembro/18 - ficou em US$ 8,33 por bushel. 

Como explicou o analista de grãos da Informa Economics FNP, Vitor Belasco, em entrevista ao Notícias Agrícolas, essas baixas mais intensas estiveram bem relacionadas à elevação do índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em 1% para 66%. O mercado, por outro lado, esperava uma nova redução ou, ao menos, uma manutenção.

"Isso reforça a expectativa de produtividade recorde no país", diz, lembrando de estimativas como a do crop tour Pro Farmer, que estimou a colheita americana em pouco mais de 127 milhões de toneladas. E, até o presente momento, os traders ainda não vêem no horizonte uma ameaça à safra norte-americana, que já está em sua fase de conclusão. 

O analista explica ainda que o espaço para nova baixas, porém, se mantém limitado, com uma pressão mais intensa sendo pontual com a chegada da nova oferta norte-americana para, na sequência, os traders se voltarem mais aos movimentos de comercialização nos Estados Unidos. 

"Estamos em um momento de transição de fator de precificação. Os prêmios climáticos estão deixando a cena para a entrada do acompanhamento de vendas externas e internas dos EUA e a precificação da entresafra do Brasil. Então, uma vez consolidada a safra americana, o mercado se volta a esses outros fatores de precificação. Assim, os motivos que levaram à queda hoje não vão perdurar por muito mais tempo", explica Belasco. 

A guerra comercial entre China e Estados Unidos ainda em andamento também se mantém como um fator de pressão neste mercado, embora, na outra ponta, a demanda intensa de outros compradores que não os chineses pelo produto norte-americano tragam algum suporte às cotações. 

Ainda no radar dos traders está a movimentação do dólar frente ao real. A influência desse fator, ainda segundo o analista da Informa, é limitada, mas existe. Nesta terça-feira, a divisa brasileira voltou a subir de forma bastante intensa, tocou os R$ 4,15 e deixou a soja brasileira ainda mais atrativa para os importadores. 

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Mercado Brasileiro

Os preços da soja no Brasil ainda continuam a ser direcionados, mais fortemente, pela movimentação do câmbio e dos prêmios. Com as novas baixas de Chicago, os prêmios voltaram a subir nesta terça-feira - de 5,56% a 8,57% em Paranaguá entre as principais posições de entrega - ajudando a manter a estabilidade das cotações. 

No terminal paranaense, a soja disponível encerrou o dia com R$ 92,00 por saca e a safra nova fechou nos R$ 85,00, ambos estáveis, sem movimentação. No porto de Rio Grande, R$ 91,50 no spot, com alta de 0,22%, e R$ 92,00 para setembro, também estável. 

No interior, a maior parte das praças de comercialização levantadas pelo Notícias Agrícolas também encerrou o dia com estabilidade, com algumas pequenas variações sendo registrada, de forma pontual. Nas principais regiões produtoras, os preços seguem bem próximos dos R$ 80,00. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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