Soja: Mercado fecha negativo em Chicago com guerra comercial e projeção de boa safra nos EUA

Publicado em 02/08/2018 16:23

Nesta quinta-feira (2), os preços da soja voltaram a fechar o dia em campo negativo. O movimento de realização de lucros continuou e os traders voltaram a sentir a pressão, mais uma vez, dos novos capítulos da  guerra comercial China x Estados Unidos. Dessa forma, com exceção do janeiro, os principais contratos voltaram a perder o patamar dos US$ 9,00 por bushel. 

Além das tarifas americanas começarem a valer sobre o volume de US$ 200 bilhões em importações chinesas, o governo dos EUA informou ainda que poderá elevá-las de 10% para 25% e a pressão desse fator, que desde maio pesa sobre as cotações da oleaginosa na CBOT, se renovou. E isso aconteceu mesmo depois de rumores, ainda nesta semana, de que China e EUA voltariam a se reunir para retomar as discussões sobre as taxações. 

Além disso, esse novo dado vindo de Washington deu espaço ainda para que o mercado entenda que mais retaliações poderão vir por parte da China, como a que taxa a soja americana pelos chineses em 25% e que já provocou sérios danos nas exportações norte-americanas. 

No boletim semanal de vendas para exportação trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (2), um novo cancelamento de 120 mil toneladas da safra 2017/18 por parte da nação asiática foi registrado. 

Na semana encerrada em 26 de julho, as vendas americanas de soja somaram apenas 93,7 mil toneladas da safra 2017/18, contra um intervalo esperado de 150 mil a 500 mil toneladas. A maior parte desse volume foi adquirida pela Alemanha, confirmando que países da União Europeia têm, de fato, respondido por volumes maiores de soja exportada pelos americanos. 

Assim, no acumulado deste ano comercial, as vendas dos EUA já somam 58.133,2 milhões de toneladas, contra pouco mais de 60,6 milhões do ano passado, nesse mesmo período, e frente à estimativa total do USDA de 56,75 milhões. 

Da safra nova, os EUA compremeteram mais 543,3 mil toneladas, com o maior volume sendo adquirido por destinos não revelados, e o total ficou dentro das projeões dos traders, que variavam de 300 mil a 700 mil toneladas.

Do mesmo modo, porém, os traders seguem acompanhando o cenário climático nos EUA e o desenvolvimento das lavouras norte-americanas, que entram em agosto, seu mês-chave para definição de produtividade. Embora a seca comece a preocupar em algumas regiões, as projeções ainda mostram uma safra com bom e importante potencial chegando dos EUA. 

Nesta quinta, a INTL FCStone reportou sua pesquisa de resultados de produtividade e produção e os números trazidos para a soja vieram bem à frente do que as últimas previsões do USDA. A consultoria internacional estima um rendimento de 57,2 sacas por hectare, e uma colheita de 124,48 milhões de toneladas. Os últimos números do departamento norte-americano foram de 54,35 sacas por hectare e uma safra de 117,3 milhões de toneladas. 

Assim, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, apesar dos bons números, a nova safra americana passa a ser um dos fundamentos mais importantes desse momento e pode, por conta de algumas adversidades climáticas que viria a enfrentar e da boa demanda que apresenta, trazer algum suporte aos preços em Chicago. 

"O cenário para a safra americana continua preocupante, principalmente pela chegada de uma massa de ar quente de alta pressão no Centro do país. Tal massa de ar é programa para se expandir no começo da próxima semana, elevando as temperaturas e reduzindo a regularidade das chuvas. O Cinturão Agrícola norte-americano está entre as áreas com o maior potencial de efeito prejudicial", mostram informações apuradas pela AgResource Mercosul (ARC).

Sobre as chuvas, estas também deverão se mostrar mais escassas nos próximos dias. "As precipitações médias também são reduzidas na próxima semana, com os totais pluviométricos mais expressivos concentrados no lado Leste dos EUA. O atual cenário é regular, com níveis de umidade do solo adequados. No entanto, se tão padrão climático árido se confirmar para a segunda semana de agosto, preocupações mais graves começarão a surgir", afirmam os especialistas da consultoria internacional. 

Mercado Brasileiro

No Brasil, o mercado permaneceu de olho nas novas baixas em Chicago e na estabilidade do dólar frente ao real. Dessa forma, os preços da oleaginosa não obedeceram um caminho comum, com altas e baixas sendo registradas no interior e portos do país. Ainda assim, a maior parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas nesta quinta-feira. 

No Rio Grande do Sul, as cotações recuaram e seguiram entre R$ 74,00 e R$ 75,00 por saca, enquanto no Paraná e Santa Catarina mantiveram sua estabilidade, com exceção de Rio do Sul/SC, onde o preço subiu 1,3% para R$ 78,00. 

No Centro-Oeste, estabilidade também em Mato Grosso, a não ser por Tangará da Serra, com alta de 1,43% para R$ 71,00 por saca no disponível. Já em São Gabriel do Oeste/MS, queda de 1,33% para R$ 74,00 e de 1,96% em Brasília para R$ 75,00. No Oeste da Bahia o preço cedeu 1,45% para R$ 68,00 por saca. 

Nos portos, Paranaguá fechou estável também no disponível, com R$ 91,00, ao mesmo tempo que subiu 1,23% para fevereiro de 2019, onde o indicativo ficou em R$ 82,00. Em Rio Grande, perda de 0,68% tanto para o disponível, quanto para agosto, com as referências em R$ 87,20 e R$ 88,00 por saca, respectivamente. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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