Soja fecha com mais de 1% de alta em Chicago após pacote de auxílio a produtores americanos

Publicado em 24/07/2018 17:48

O anúncio de um pacote de medidas que irão auxiliar os produtores norte-americanos afetados pela guerra comercial foi a informação que vinha sendo esperada pelo mercado para aquecer o andamento das cotações da soja na Bolsa de Chicago e os preços terminaram a sessão desta terça-feira (24) com mais de 10 pontos de alta. 

Entre as posições mais negociadas, as altas foram de 10 a 11 pontos - ou mais de 1% - com o novembro/18, que é referência para o mercado neste momento, sendo cotado a US$ 8,73 por bushel. 

O governo de Donald Trump irá disponibilizar US$ 12 bilhões em um pacote de ajuda aos produtores norte-americanos que estão sendo impactados pela guerra comercial dos EUA com a China e os detalhes dessas medidas foram anunciados na tarde desta terça-feira (24) pelo secretário norte-americano de Agricultura, Sonny Perdue. 

Segundo os representantes do governo, essas são medidas que ajudarão os agricultores a enfrentarem o que eles chamam de "tarifas retaliatórias ilegais". Em suma, são três principais programas focados em comercialização e expansão de mercados para os produtos norte-americanos.

Para Steve Cachia, as medidas são apenas paliativas e não trazem um alívio muito extenso. "Isso é apenas uma medida para acalmar um pouco os ânimos do campo na véspera da colheita. Uma medida de curto prazo em nada resolve o problema do produtor americano. E pior, essas medidas dão um  sinal de que um acordo de curto-médio prazo não parece estar sendo cogitado", diz o diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta.

O pacote poderia levar ainda, como explica o diretor da LucrodoAgro, Eduardo Lima Porto, a um processo na OMC (Organização Mundial do Comércio) por se tratar de um subsídio comercial direto, já que está voltado diretamente para a comercialização.  "A questão é saber quem irá abrir esse processo. Me parece que as medidas irão bagunçar os preços na bolsa, inserindo mais incerteza e, certamente, afetará os prêmios de exportação por aqui, que já estão excepcionalmente altos", diz. 

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Os ganhos, portanto, são bastante frágeis, principalmente por sinalizarem que a chegada de um acordo entre as duas economias maiores do mundo não está próxima. Nesta segunda, a China cancelou a compra de mais 165 mil toneladas de soja dos EUA da safra 2018/19. 

Há meses que os traders seguem trabalhando com as informações da disputa comercial entre China e Estados Unidos, porém, agora vinham aguardando novas informações de algum dos lados para que pudessem se posicionar melhor e movimentar os mercados de forma mais efetiva. As últimas informações, afinal, já estariam precificadas. 

"Essa é a única razão para fazer o mercado reverter a baixa que estava operando em função das condições das lavouras nos EUA melhores do que o esperado", diz Cachia. "Uma notícia animadora para o produtor americano, mas que não promoveu uma explosão de preços, apenas uma pequena reação positiva", completa. 

O que ainda limita os preços, porém, é o bom desenvolvimento da nova safra americana. Mais cedo, as baixas respondiam à correção positiva de 1 ponto percentual no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições nos EUA pelo USDA (Departameto de Agricultura dos Estados Unidos) feita ontem, no fim do dia, para 70%. 

"As previsões climáticas continuam mostrando condições ainda muito favoráveis para o desenvolvimento das safras", diz o boletim diário da Allendale, Inc. 

E segundo explica o analista de mercado Fernando Muraro, da AgRural, uma safra de soja acima das 120 milhões de toneladas nos EUA já começa a se configurar. O momento atual, porém, é crucial para as plantas e precisa ser acompanhado bem de perto. 

Preços no Brasil

No Brasil, os preços mantiveram sua estabilidade nesta terça-feira, apesar da boa alta na Bolsa de Chicago. O dólar, afinal, caiu mais de 1%, foi abaixo de R$ 3,75 e registrou seu menor patamar em um mês, neutralizando os ganhos externos. 

"A China é a principal razão do alívio externo, após o governo anunciar medidas de incentivo fiscal", afirmou o gestor de derivativos de uma corretora local à agência de notícias Reuters.

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Ainda assim, nos portos, os preços fecharam o dia em alta. No terminal de Paranaguá, a soja disponível subiu 1,12% para R$ 90,00 por saca e, no de Rio Grande, 0,23% para R$ 87,50. Ainda no porto paranaense, a soja para fevereiro de 2019 foi a R$ 82,00, com ganho de 1,23% e, no gaúcho, para agosto/18 a R$ 88,50 e alta de 0,57%. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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