Soja perde os US$ 8,40 em novo dia de baixas na CBOT, mas testa os R$ 90 nos portos do BR

Publicado em 05/07/2018 18:07

Os preços da soja fecharam a sessão desta quinta-feira (5) em baixa mais uma vez na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa acumulam pregões consecutivos de quedas ainda refletindo as preocupações com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, o que tem se mostrado o fator principal para a formação das cotações nos últimos meses. 

Com isso, as cotações terminaram o dia, após iniciarem os trabalhos pós feriado atuando com estabilidade, com perdas de pouco mais de 8 pontos nos principais contratos, o que levou os dois primeiros - julho e agosto - a fecharem abaixo dos US$ 8,40 por bushel. 

Um acordo entre as duas nações ainda se mostra bastante distante. Para alguns analistas, um acordo efetivo só seria possível com um encontro pessoal entre Trump e Xi Jinping. Enquanto isso não acontece, o governo chinês tem trabalhado para encontrar e efetivar alternativas para o gap que a soja norte-americana deverá deixar na necessidade chinesa. 

Informações apuradas pela consultoria internacional AgResource Mercosul (ARC) mostraram que o governo da China se reuniu, nos últimos dias, com as maiores esmagadoras do país para alertá-las sobre a possibiilidade de uma redução de suas importações de soja em grão na casa de 15% a 20% no próximo ano comercial, o que daria cerca de 15 a 20 milhões de toneladas a menos, se confirmado esse intervalo.

"O plano chinês fala em, parcialmente, um corte no uso do farelo de soja, optando por utilizar mais milho e trigo na formulação da ração animal. Se o corte for efetivado, a China pode conseguir sim evitar de comprar soja dos EUA, mas temos que lembrar que a América do Sul hoje não tem condições para suprir toda a demanda chinesa pela oleaginosa", explica Matheus Pereira, analista de mercado da ARC. 

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>> China pode cortar importações de soja em até 20% para driblar disputa com os EUA

Ademais, os outros fatores de pressão sobre as cotações da soja continuam sendo a falta de uma ameaça climática severa à nova safra norte-americana, embora algumas regiões exijam um pouco mais de atenção neste momento, e a aversão ao risco por parte dos investidores, ainda em função da questão China x EUA. 

No último reporte de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o índice de campos em boas ou excelentes condições caiu de 73% para 71% em uma semana. 

Preços no Brasil

No Brasil, o dólar mais uma vez foi, ao lado dos prêmios de mais de 200 pontos nos portos, um dos principais combustíveis para novas altas dos preços da soja. A moeda americana, nesta quinta-feira, fechou com alta de 0,55% e valendo R$ 3,9344, maior patamar desde 1º de março de 2016. 

"O Fed colocou que os riscos se intensificaram para a economia dos EUA mas, em princípio, continuará subindo os juros", afirmou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior à Reuters, explicando essa nova alta da divisa, entre outros fatores que também estimularam esse movimento.

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Em cerca de 10 dias, segundo explicou o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, os prêmios para a soja subiram perto de 100 pontos e, junto do câmbio, ajudou a estimular não só um avanço dos preços, mas também uma melhora no fluxo de negócios no país. 

Com isso, a soja disponível voltou aos R$ 89,50 por saca no porto de Paranaguá, registrando um ganho de 0,56% nesta quinta, enquanto a referência março/19 foi a R$ 90,00, subindo 11%. Em Rio Grande, R$ 87,50 no disponível e R$ 88,50 no agosto/18, com altas de 1,74% e 1,14%, respectivamente.

No interior do Brasil, os ganhos chegaram a superar os 5% em algumas das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Os principais indicativos se mostram entre R$ 64,00 e R$ 85,00 por saca.

Disputa entre China e EUA pode levar Brasil a ter de importar soja, diz ANEC à Reuters

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil, maior exportador mundial de soja, poderá ter de importar a oleaginosa dos Estados Unidos neste ano para atender à demanda de processadores locais, disse um executivo da Associação Nacional dos Exportadores (Anec) nesta quinta-feira.

Se a demanda da China por soja brasileira aumentar diante da guerra comercial com os Estados Unidos, os processadores locais poderão ter de recorrer à importação de 500 mil a 1 milhão de toneladas dos Estados Unidos, disse Luis Barbieri em um evento em São Paulo.

A China anunciou tarifas de 25 por cento a uma série de produtos dos EUA, que devem entrar em vigor a partir de sexta-feira.

"Esse é um dos momentos mais incertos na história recente do comércio de grãos", disse Barbieri, referindo-se à disputa comercial.

O Brasil, que também é um dos maiores produtores de soja do mundo, deverá exportar um recorde de 73,5 milhões de toneladas neste ano, segundo previsões da consultoria Agroconsult reafirmadas no evento desta quinta-feira.

Em junho, o governo estimou que as exportações brasileiras de soja em 2018 devem totalizar 72 milhões de toneladas.

A Agroconsult disse que manterá sua previsão de exportação apesar das preocupações relacionadas aos custos de frete no Brasil, que aumentaram desde que o governo impôs preços mínimos como uma das medidas para encerrar a greve dos caminhoneiros que paralisou as rodovias em maio.

Houve anos em que as importações eram necessárias para manter os processadores de soja funcionando durante o período de entressafra, disse Fábio Meneghin, sócio da Agroconsult, no intervalo do evento.

"Trazer a soja de outros países não é sem precedentes", disse ele.

A Agroconsult vê a produção brasileira de soja nesta temporada em 118,9 milhões de toneladas.

 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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