Soja fecha com mais de 20 pts de baixa na CBOT em dia de intensa aversão ao risco nesta 2ª feira

Publicado em 25/06/2018 17:33

A segunda-feira (25) foi de muito nervosismo no mercado internacional de commodities e fechou o pregão com mais de 20 pontos de baixa entre os principais vencimentos. Dessa forma, o contrato julho/18 encerrou o dia com US$ 8,74 por bushel, e todos os principais vencimentos seguem abaixo do patamar dos US$ 9,00. 

A sessão foi de intensa aversão ao risco por parte dos investidores, que vieram se desfazendo de suas posições compradas na soja em função das baixas consecutivas e intensas provocadas por uma intensificação das tensões comerciais entre China e Estados Unidos. 

As conversas de que o protecionismo de Donald Trump poderia ser ainda mais forte e abrangente ganharam mais peso no fim de semana e provocaram, nesta segunda-feira, uma despencada geral não só de commodities, mas dos principais índices acionários mundo a fora. A China e a Europa, inclusive, alertaram para uma "recessão global" caso os movimentos continuem.

Leia mais:

>> Tensões comerciais provocam baixa generalizada de bolsas e commodities

Sobre a nação asiática, parte das taxações impostas pelo presidente americano - de US$ 24 bilhões em produtos chineses - começa a valer já em 6 de julho. Como principal instrumento de retaliação da China, a soja americana, por isso as perdas de mais de 2% nesta primeira sessão da semana, uma vez que já é realidade uma menor demanda da China pela soja dos EUA. 

No entanto, parte dessa pressão sobre as cotações da oleginosa vem também do bom desenvolvimento da nova safra americana e das condições ideais de clima que têm sido registradas em praticamente todo o Corn Belt. 

"Os 'gerentes do dinheiro' se tornam cada vez mais pessimistas sobre os futuros da soja e do milho diante das boas condições de clima para o desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste americano. Apesar do excesso de chuvas em algumas áreas, a maior parte do Corn Belt conta com um cenário ideal para seu progresso desde o início dessa nova safra", dizem os analistas do portal internacional Agriculture.com. 

A opinião é compartilhada com o analista sênior da Price Futures Group, Jack Scoville. "Muitos pensam que o mercado caiu o suficiente para se acomodar, e muitos acreditam que esteja muito para vender agora. Mas, isso não significa que não pode cair ainda mais, dada a queda livre das últimas semanas é duro se manter comprado", diz. 

Além desses dois fatores, o mercado da soja em Chicago viu ainda embarques semanais norte-americanos menores e apenas dentro das expectativas do mercado, o que não contribuiu nem ao menos para limitar as quedas. 

Negócios parados no Brasil

No Brasil, apesar de todos nervosismo no mercado internacional, as cotações nos portos conseguiram resistir ou ao menos apresentar baixas limitadas. Em Paranaguá, disponível estável nos R$ 84,00 e em Rio Grande, perda de 0,59% para os mesmos R$ 84,00. Ainda no terminal paranaense, R$ 85,00 no março/19, também sem alteração, e queda de 0,24% no julho/18 no terminal gaúcho. 

O principal colchão para os preços no Brasil continuam a ser os prêmios. Batendo nos 200 pontos em alguns portos e dependendo dos prazos de pagamento e posições de entrega, as referências mostram a demanda intensa pela soja do Brasil e a tentativa de uma compensação dos patamares mais baixos de Chicago para garantir o produto. 

Entretanto, poucos negócios saem no Brasil em função dos problemas logísticos causados pela incerteza dos fretes. E boas oportunidades têm sido perdidas pelos produtores brasileiros diante desse cenário. 

Segundo José Eduardo Sismeiro, vice-presidente da Aprosoja PR e diretor da Aprosoja Brasil, no Paraná houve boa oportunidade de venda há 20 dias que não pôde ser aproveitada em função dos entraves logísticos. 

"Tínhamos dólar alto, bons preços em Chicago e prêmios altos mas não conseguimos travar. Por conta desse problema com os fretes, as empresas não compravam. Todos os estados estão com esses problemas. Agora, precisamos torcer para que Chicago volte aos US$ 10,50 e para que tenhamos novas oportunidades", espera o vice-presidente da Aprosoja PR. As cotações estão, no estado paranaense, cerca de R$ 4,00 por saca mais baixas.   

O quadro já impacta, inclusive, as decisões e fechamento de preços para a próxima safra do Brasil, uma vez que até mesmo a entrega dos fertilizantes está atrasada e comprometendo o calendário da nova temporada. 

>> Atraso na entrega de fertilizantes ameaça nova safra de verão do Brasil

O CONTÍNUO MOVIMENTO DE VENDAS (por AGResources)

A CBOT renovou ontem a tendência de queda prevista no fim de semana. A especulação continua apostando numa retórica ainda mais pessimista para o atual embate político-comercial dos Estados Unidos com a China, principalmente.

A ARC lembra que a Administração de Trump tem aumentado as tensões com importantes parceiros econômicos além da potência asiática. Gestores dos fundos de investimentos na CBOT iniciaram o movimento de vendas de suas posições das principais commodities agrícolas assim que o Governo americano assumiu este novo posicionamento de reestruturação comercial com as maiores economias do mundo.

Pela primeira vez desde fevereiro, as posições da soja-grão atingiram um total líquido negativo (empilhados no lado da venda), agora em 12,8mil vendidos. 

Prêmio da soja brasileira dispara, mas poucos negócios saem, diz Agroconsult

SÃO PAULO (Reuters) - Os prêmios da soja brasileira sobre as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago estão em cerca de 2 dólares por bushel, mas poucos negócios têm sido realizados nesses níveis, disse nesta segunda-feira o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, durante evento da consultoria em São Paulo.

Conforme ele, dúvidas quanto ao tabelamento de fretes de caminhões têm paralisado as vendas de soja futura.

Essas mesmas incertezas estão atrasando as entregas de fertilizantes e podem, potencialmente, afetar o próximo ciclo da oleaginosa, acrescentou Pessôa.

Agroconsult estima 2ª safra de milho do Brasil em 55 mi t

SÃO PAULO (Reuters) - Produtores brasileiros devem colher menos milho na segunda safra deste ano, já que o atraso no plantio e a prolongada seca reduziram a produção do segundo maior exportador mundial da commodity, disse a Agroconsult nesta segunda-feira.

Após a expedição técnica Rally da Safra, a consultoria previu que a segunda safra de milho do país, que está sendo colhida, totalizará 55 milhões de toneladas, abaixo dos 57 milhões considerados em maio e inferior também aos 67,3 milhões oficialmente estimados na temporada anterior.

CLIMA - AMÉRICA DO NORTE (AGResources)

O fim de semana aqui no Cinturão Agrícola americano trouxe chuvas amplamente dispersas e, em algumas localidades, com totais pluviométricos expressivos. No atual momento, os níveis de umidade do solo da região são adequados para proporcionar o bom desenvolvimento vegetal. Nestes próximos 5 dias, as chuvas continuarão regando uma boa parte do centro e leste do Cinturão, principalmente em Illinois, Indiana e Ohio. Os totais previstos estão dentro de um raio de 25-40mm acumulados no período. No entanto, pontos de preocupação começam a surgir no começo de julho, com a volta de uma massa de ar quente de alta pressão. Caso confirmada, tal massa de ar irá desenvolver um padrão árido sobre tal região.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters/AGRes

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